Folha de S. Paulo


Guarda confessou participação na chacina de jovens, diz governo de SP

O secretário da Segurança Pública do governo Geraldo Alckmin (PSDB), Mágino Alves Barbosa Filho, disse nesta sexta-feira (11) que o guarda municipal de Santo André, Rodrigo Gonçalves Oliveira, confessou ter participado da chacina de cinco jovens na zona leste de São Paulo.

"Ele admitiu sua participação no crime", disse em entrevista Barbosa Filho, que afirmou que as cápsulas de.40 foram jogadas no local para desviar os rumos da investigação.

O secretário afirmou que as investigações continuam para identificar outros envolvidos, mas que estava certo em defender os policiais militares. "Tirar conclusão antecipada não é a melhor saída", disse.

O agente do ABC, que foi preso na noite desta quinta (10), teve decretada sua prisão temporária por 30 dias.

A diretora do DHPP (Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa), Elisabete Sato, afirmou que Oliveira negou ter assassinado os garotos, mas confessou envolvimento na elaboração de um perfil falso de garota, que atendia pelo nome Terezinha, há mais de um ano em uma rede social.

A suspeita da polícia é que os perfis falsos na rede social eram para atrair os rapazes para uma suposta festa, como emboscada para que fossem atacados. Quatro dos cinco jovens, com idades entre 16 e 30 anos, acumulavam, juntos, 29 registros de passagem pela polícia –por atos infracionais (quando menores de idade) ou por suspeita de crimes quando já eram maiores.

Segundo Sato, Oliveira ainda declarou que pretendia prender o quinteto, caso eles fossem ao encontro das garotas na festa. "Ele não fez isso sozinho", disse a diretora do DHPP, trazendo a suspeita de que há outros envolvidos na morte das cinco vítimas.

Os perfis das garotas com quem os rapazes se encontrariam foram apagados depois do crime –o que reforçou a hipótese de que poderia se tratar de uma emboscada. De acordo com Sato, o guarda municipal preso disse que queimou o celular e o notebook que usava para se comunicar com os cinco jovens porque sabia que a polícia iria chegar até ele.

Os jovens desapareceram em 21 de outubro, no caminho da suposta festa. Os corpos foram achados no último domingo (6) numa área rural em Mogi das Cruzes (Grande SP) –a identificação de quatro deles já tinha sido confirmada nesta quinta.

Oliveira também é instrutor de tiros e colega de corporação do agente Rodrigo Lopes Sabino, 30, assassinado em um roubo em 24 de setembro, quando chegava em casa, no Jardim Santa Maria, próximo de onde moravam as vítimas da chacina.

Um dos cinco rapazes atacados, Caíque Machado Silva, 18, havia sido incluído na lista de suspeitos de envolvimento no assassinato do guarda. A suspeita, portanto, é que os jovens possam ter sido mortos por guardas como retaliação ao assassinato do agente.

A suspeita do DHPP (departamento de homicídios) sobre a ligação da morte do guarda com a chacina foi reforçada pela munição encontrada nos corpos: projéteis de calibres 38 e 12, que são usados por guardas municipais do país.

A guarda de Santo André tem 31 anos de existência e um efetivo com 601 agentes. A prefeitura local afirma que a Corregedoria da corporação está acompanhando "a investigação do suposto envolvimento de guardas com as mortes" dos cinco rapazes. Segundo ela, Sabino tinha cinco anos de serviço e fazia parte do corpo de escolta da cúpula da prefeitura.


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