A ONU divulgou nesta sexta-feira (4) um apelo para que o governo brasileiro e as empresas envolvidas no rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), tomem medidas urgentes para conter os impactos da tragédia. Segundo o órgão, as ações tomadas até agora foram "simplesmente insuficientes".
"Após um ano, muitas das seis milhões de pessoas afetadas continuam sofrendo. Acreditamos que seus direitos humanos não estão sendo protegidos em vários sentidos, incluindo os impactos nas comunidades indígenas e tradicionais, problemas de saúde nas comunidades ribeirinhas, o risco de subsequentes contaminações dos cursos de água ainda não recuperados, o avanço lento dos reassentamentos e da remediação legal para toda a população deslocada, e relatos de que defensores dos direitos humanos estejam sendo perseguidos por ação penal", aponta o órgão.
A tragédia, que completa um ano neste sábado (5), fez com que 40 bilhões de litros de lama se espalhassem por 650 km, provocando a morte de 19 pessoas e a remoção de centenas.
O relatório assinado por especialistas ligados a ONU pede esclarecimentos sobre a qualidade da água, a saúde das vítimas e o destino das comunidades forçadas a abandonar suas casas. Ele aponta ainda o receio de que mais rejeitos possam atingir as regiões de jusante quando a temporada chuvosa iniciar, daqui a algumas semanas.
As empresas Samarco, Vale e BHP Billiton são citadas no comunicado, que critica seus esforços para conter o vazamento de lama, considerados insuficientes. "Relembramos ao governo e às empresas que um desastre dessa escala –que despejou o equivalente a 20.000 piscinas olímpicas de rejeitos– requer resposta em escala similar."
Entre os esclarecimentos e ações solicitados pelo relatório, estão garantias de que desastre semelhante jamais se repita.
OUTRO LADO
A Samarco diz que "tem feitos esforços para reparar e remediar os danos causados", com o Plano de Recuperação Ambiental Integrado, entregue em agosto, que reúne ações previstas em acordo firmado junto dos governos Federal, de Minas Gerais e do Espírito Santo.
O plano pauta as ações da mineradora nas áreas de segurança das estruturas remanescentes das barragens, ampliação da capacidade de armazenamento de rejeitos, contenção e controle de áreas impactadas ao longo dos rios, avaliação de riscos e recuperação dos rios.
A mineradora diz que, como previsto em acordo, vai financiar a recuperação de 5.000 nascentes do rio Doce, reflorestar 10.000 hectares e restaurar outros 30 mil hectares.