Folha de S. Paulo


Doria quer pasta de subprefeituras com maior orçamento e mais funções

A Secretaria de Subprefeituras deverá ser turbinada na gestão de João Doria (PSDB) na Prefeitura de São Paulo, com orçamento maior e funções acumuladas de outras pastas.

Sob o nome de Prefeituras Regionais, as estruturas deverão ser comandadas pelo deputado federal Bruno Covas (PSDB), vice-prefeito eleito, conforme adiantou "O Estado de S. Paulo". A pasta deverá ampliar as funções de zeladoria da cidade das quais já está a cargo, mas com mais autonomia, inclusive orçamentária.

Também se estuda transferir serviços hoje de outras secretarias, como Educação, no caso de manutenção de escolas, e do Verde e Meio Ambiente, no trato de praças.

Para um aliado de Doria e de seu padrinho político, o governador Geraldo Alckmin, a escolha de Bruno Covas para comandar a pasta o posiciona para concorrer à sucessão na prefeitura, daqui a quatro anos –se o prefeito eleito mantiver a promessa de não disputar a reeleição.

À frente das prefeituras Regionais, o vice-prefeito eleito terá exposição pública nas questões da cidade, além de estreitar o relacionamento com vereadores.

Durante a campanha eleitoral, Doria anunciou que aumentaria de 32 para 35 as Prefeituras Regionais. Agora, no entanto, pessoas próximas ao prefeito eleito veem a promessa mais distante de ser concretizada.

FINANÇAS

Mudanças no Orçamento municipal como para as subprefeituras serão detalhadas pela Secretaria de Finanças, cuja titular deverá ser Ana Carla Abrão, atual secretária da Fazenda de Goiás.

As conversas entre ela e Doria estão adiantas, segundo auxiliares de ambos. A indicação tem tanto a aprovação do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), de quem Doria é próximo, como de Alckmin.

Entre a equipe do tucano, a indicação é recebida com entusiasmo, pelo simbolismo de se ter na cúpula da gestão uma mulher egressa da iniciativa privada e que comanda uma gestão desestatizadora em Goiás.

CONTORNOS

A tentativa de compor um secretariado diversificado com nomes do setor privado, entretanto, tem esbarrado em empecilhos. O primeiro deles é a média salarial na administração pública, inferior à do mercado.

A indicação de Mozart Neves Ramos, diretor do Instituto Ayrton Senna, para a pasta da Educação perdeu força também por esse motivo.

Doria agora estuda um nome ligado ao secretário estadual José Renato Nalini. O segundo entrave para a montagem da equipe é a resistência de empresários em aceitar funções no Executivo, devido à exposição a que ficam sujeitos, com riscos a seus grupos empresariais e a seu patrimônio.

O caso do executivo Juan Quirós é um exemplo disso. Apesar de ter ajudado na arrecadação de campanha de Doria, ele viu se reduzir a possibilidade de ser escolhido para comandar a estrutura que organizará concessões e privatizações na gestão do tucano, após a Folha revelar que ele tem bens bloqueados e dívida de R$ 60 milhões.

Diego Padgurschi-05.out.2015/Folhapress
Juan Quirós, presidente da Investe SP e homem forte de Doria, tem dívida de R$ 60 milhões
Juan Quirós, presidente da Investe SP e homem forte de Doria, tem dívida de R$ 60 milhões

Nomes com carreira pública têm menos conflitos para conciliar, como no caso do médico Wilson Pollara. Hoje adjunto do secretário estadual, David Uip, Pollara deve assumir a Secretaria Municipal de Saúde.

Sua escolha atende à pretensão de Doria de estreitar parcerias entre a prefeitura e o governo do Estado, além de contemplar Uip, de quem é próximo. Como as decisões são centralizadas, assessores são cuidadosos. "Você dorme secretário e acorda motorista", disse um deles.


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