Folha de S. Paulo


Ex-capelão da PM é condenado a 26 anos por desvio de dinheiro de fiéis

Jorge Araujo/Folhapress
ORG XMIT: XXXX SAO PAULO SP 19 07 2012 ELEICOES MUNICIPAIS : O candidato à Prefeitura de São Paulo, Celso Russomanno (PRB) visitou nesta quinta-feira (19) a Capela de Santo Expedito da Polícia Militar Bom Retiro). O candidato caminhou junto ao padre Osvaldo Palópito que deu a bencao a todos os fieis.. associado aos evangélicos, é a segunda vez na semana que ele visita um representante católitco ao final distribuio seu cartao aos fieis PODER Jorge Araujo 703 Folhapress. c
Osvaldo Palópito, em celebração na Luz, foi condenado por desviar dinheiro de fiéis

O ex-capelão da Polícia Militar de São Paulo Osvaldo Palópito foi condenado na segunda-feira (17) a 26 anos e 2 meses de prisão por desvio de dinheiro de fiéis destinado a obras assistenciais.

Padre da Igreja Católica e tenente-coronel, Palópito foi considerado culpado pela Justiça Militar pelos crimes de peculato, falsidade ideológica, abandono de posto e exercício de comércio por oficial. A sentença foi proferida pelo juiz Ênio Luiz Roseto. Eliézer Martins, advogado do ex-capelão, afirmou que recorrerá da decisão. Enquanto isso, Palópito poderá aguardar em liberdade.

Segundo a Promotoria, os crimes ocorreram entre junho de 2009 e janeiro de 2015, período em que o padre foi responsável pela paróquia Santo Expedido, na Luz (centro de São Paulo), onde funcionava a capelania.

A paróquia era frequentada por civis e militares. Para viabilizar o esquema, de acordo com a acusação, Palópito abriu em junho de 2009 uma conta no Bradesco em nome da "Mitra do Ordinariado Militar do Brasil".

A corregedoria descobriu, porém, que a mesma não pertencia à instituição e era administrada pelo próprio padre sem ser submetida a qualquer tipo de controle ou auditoria da Polícia Militar. Nela, eram feitos depósitos regulares de dinheiro recebido de doações de fiéis que frequentavam a igreja.

O dinheiro era movimentado pelo padre, por Edson Moreira Costa, que atuava como contador, e por Terezinha Silva Barbosa, que trabalhava na administração paroquial. Costa e Barbosa não são réus no processo que condenou Palópito porque são civis e não respondem à Justiça Militar.

Segundo a defesa, apenas Barbosa e Costa foram responsáveis pelos desvios, dos quais o padre não estava ciente. "Uma perícia provou nos autos que a assinatura dele foi falsificada. Ele não estava ciente dos desvios", afirmou Martins. Ele também citou uma interceptação telefônica que indicaria a inocência de Palópito, mas não forneceu a gravação à reportagem.

A defesa também contesta a competência da Justiça Militar para condenar o ex-capelão pelo crime de peculato, uma vez que o dinheiro desviado não pertenceria à PM, mas à igreja.

Segundo a acusação do Ministério Público, somente em 2014 o esquema desviou R$ 600 mil destinados por fiéis às obras assistenciais da igreja. Para aumentar a renda recebida, a paróquia expedia carnês de mensalidades aos frequentadores que se cadastraram à igreja, que faziam pagamentos recorrentes em valores diversos.

Com o dinheiro desviado, Palópito comprou um estabelecimento comercial e uma cobertura em Bertioga, no litoral de São Paulo, incompatíveis com sua renda, segundo a Promotoria. O comércio, chamado Empório São Lourenço, é registrado no nome de uma amiga de Palópito. Mas, segundo a Promotoria, era o padre quem o administrava. A prática comercial é proibida para oficiais da PM.

Palópito ainda foi acusado de falsidade ideológica e abandono de posto. A Justiça constatou que, durante o mês de novembro de 2014, Palópito forjou o controle de frequência e não cumpriu suas funções de capelão durante seu expediente, sem autorização para se ausentar.

O ÚLTIMO CAPELÃO

Com a crise instaurada na capelania após a repercussão do caso, o comandante-geral da corporação, coronel Ricardo Gambaroni, determinou à época a extinção do cargo de capelão militar. Antes do caso, Palópito chegou a gravar discos de canções religiosas e fazia shows para centenas de pessoas. Ele tem diversos vídeos publicados na internet.


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