Folha de S. Paulo


Aos 31, novo vereador tenta manter influência do pai na zona sul de SP

Joel Silva/Folhapress
Rodrigo Goulart (PSD), 31, ao lado de boneco do pai em SP
Rodrigo Goulart (PSD), 31, ao lado de boneco do pai em SP

Erguida sobre o rio Jurubatuba, a ponte Vitorino Goulart liga os bairros da Pedreira e Jardim Quarto Centenário, na zona sul de São Paulo, e é uma das principais vias usadas por quem sai da região de Interlagos com destino ao centro da cidade.

Seu nome homenageia o pai do deputado Antônio Goulart (PSD). Eleito vereador pela primeira vez em 1996 –com apoio dos torcedores corintianos da Gaviões da Fiel–, Goulart, o filho, propôs a criação do elevado na gestão Celso Pitta. Ele gosta de dizer que a obra começou sob Marta Suplicy (PMDB, ex-PT), teve a primeira fase aberta por José Serra (PSDB), e a segunda por Gilberto Kassab (PSD, ex-DEM).

Quando Fernando Haddad (PT) assumiu a prefeitura, a ponte já estava em operação, e Goulart, há 16 anos na Câmara Municipal. Ao longo das gestões dos cinco prefeitos, fez projetos como o do Museu do Futebol e da distribuição de uniformes escolares, descolou sua imagem da torcida organizada e, com projetos de lei e emendas para conseguir de asfalto a grama sintética, fincou sua base na zona sul da cidade.

Agora, dois anos após ir a Brasília, ele espera manter a influência na região sob João Doria (PSDB). Aos 31 anos, Rodrigo, seu filho, herdou boa parte dos votos do pai. Foi escolhido vereador por 49 mil pessoas em seu primeiro pleito –a 12ª maior votação da cidade. Na eleição, seu melhor desempenho foi na Capela do Socorro, zona sul, com 15 mil votos.

"A única diferença entre nós é que eu tenho bigode, e ele não", diz o pai. Autor de projetos como o que propõe a padronização de tacos de sinuca em botecos, ele se antecipa a uma eventual ressalva: "Pode não parecer, mas também sou muito tímido."

Rodrigo, também filiado ao PSD, mora com o pai, a mãe e o irmão e, no discurso para celebrar a vitória, falou durante seis minutos. O pai, 13. "Não é o tipo de político que vai correndo abraçar criança para sair na foto", diz o reverendo Aldo Quintão, que comanda a igreja Anglicana de Santo Amaro, e seu apoiador.

Formado em veterinária, Rodrigo não chegou a exercer a profissão. É sócio de um restaurante em Pinheiros –o Consulado da Bahia– e há anos atua ao lado do pai, tanto no escritório político em Interlagos como em visitas a comerciantes e moradores. Eleito com a segunda campanha mais cara da cidade, foi seu principal financiador como pessoa física –pagou R$ 400 mil dos R$ 1 milhão gasto. Em seu mandato, promete fazer uma campanha voltada principalmente aos interesses da zona sul.

Entre suas principais propostas está tirar do papel outra ponte, a que ligará o Grajaú à Cidade Dutra passando pela represa Billings. A defesa dos animais será outra prioridade, diz. Promete apoiar os "bons projetos" do prefeito eleito. Posiciona-se pouco sobre temas nacionais, mas apoiou o impeachment de Dilma Rousseff (PT).

O tempo dirá se irá manter o domínio da família na zona sul. "Costumo dizer que não moramos em São Paulo, mas numa cidade para cá do rio", diz José Euclides Tavares, da Associação Empresarial da Região Sul. "Precisamos muito dos políticos."


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