Folha de S. Paulo


Doria confirma velocidade maior nas marginais apesar de mortes em queda

O prefeito eleito de São Paulo João Doria (PSDB) reafirmou na manhã desta quarta-feira (12) que elevará as velocidades máximas nas marginais Tietê e Pinheiros e que, em alguns trechos, pode manter o limite de 50 km/h.

Também nesta quarta, a Folha informou que os acidentes fatais caíram 52% nessas vias, após a implantação da redução de velocidade pela gestão Fernando Haddad (PT).

No domingo (9), ele se reuniu com cicloativistas e, pressionado, admitiu manter a velocidade máxima em 50 km/h em alguns trechos.

"Nossa posição foi estudada tecnicamente, de maneira dedicada, de maneira tranquila e equilibrada. As velocidades nas marginais serão de fato alteradas. A nossa decisão está mantida. Para 90 km/h, 70 km/h e 60 km/h", afirmou nesta quarta em entrevista à rádio Jovem Pan.

Doria afirmou que "diante de algumas manifestações" que lhe pareceram "sensatas e bem amparadas", sua gestão poderá manter a máxima de 50 km/h em alguns trechos da pista interna, "havendo ali pontos flagrantes de acidentes, principalmente de atropelamentos, nas vias de acesso aos bairros".

Dados compilados pela CET (Companhia de Engenharia
de Tráfego, ligada à prefeitura) e obtidos pela Folha mostram que a soma de acidentes fatais nas marginais Tietê e Pinheiros caiu pela metade um ano após a implantação da redução da velocidade da gestão Fernando Haddad (PT).

De julho de 2014 a junho de 2015, foram 64 acidentes com mortes, contra 31 ocorrências do tipo nos 12 meses seguintes, até junho de 2016. Com isso, a queda foi de 52%.

O resultado é fortemente influenciado pela redução dos atropelamentos fatais, que quase zeraram nas marginais -de 24 casos acumulados em 12 meses até junho de 2015, houve apenas um em período equivalente até 2016.

A diminuição da velocidade nas marginais foi adotada pela gestão Fernando Haddad (PT) em 20 julho de 2015. A medida foi questionada judicialmente pela OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil), mas sem sucesso.

Apesar da aprovação majoritária de especialistas em transporte, a medida foi criticada por parte deles, por se tratar de uma via que interliga rodovias. Eles cobravam ainda outras ações -pendentes até hoje- para melhorar a segurança das pistas.

Mortes no trânsito

A tendência de redução de vítimas em acidentes não ocorre apenas nas marginais –também houve queda recente no restante da capital, no Estado e em rodovias, mas em intensidade muito menor. Parte dos técnicos vê influência da crise econômica, que diminui a frota nas ruas.

A gestão Haddad diz que a capital pode atingir em dezembro a marca de 6,92 mortes por 100 mil habitantes, próxima da meta de 6 apresentada à ONU para 2020. Como a Folha mostrou em julho, as multas por excesso de velocidade (que podem variar de R$ 85 a R$ 574) mais que triplicaram nas duas marginais -na comparação do primeiro trimestre de 2015 com igual período deste ano.

De 171 mil multas nos primeiros três meses do ano passado, a quantidade de infrações de velocidade registradas nas marginais ultrapassou 544 mil em 2016 –equivalente a quatro por minuto.

ATROPELAMENTOS

Os números tabulados pela CET apontam que, excluídos os atropelamentos, houve 30 acidentes com mortes nas duas marginais nos 12 meses anteriores a junho de 2016. A queda foi de 25% em relação a período equivalente anterior, com 40 casos. No caso dos atropelamentos fatais, na marginal Tietê, eles zeraram nesse período.

Como comparação, nos 12 meses anteriores, houve 17 ocorrências desse tipo. Na marginal Pinheiros, os dados da CET apontam um atropelamento com morte entre julho de 2015 e junho de 2016, contra 7 casos em período equivalente anterior.

TRÂNSITO NAS MARGINAIS - Média de congestionamentos a cada 12 meses, em km


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