Folha de S. Paulo


Haddad corre para entregar PPP da iluminação ainda em seu mandato

Avener Prado - 1º.dez.2015/Folhapress
Av. 23 de Maio, em São Paulo, iluminada pelas antigas lâmpadas de vapor de sódio
Av. 23 de Maio, em São Paulo, iluminada pelas antigas lâmpadas de vapor de sódio

Em seus últimos meses à frente da Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad (PT) corre para assinar o acordo bilionário da PPP da iluminação pública em São Paulo antes de deixar a cadeira de prefeito.

O contrato de R$ 7,2 bilhões pretende modernizar, expandir e manter a iluminação da cidade pelos próximos 20 anos. Cercado questionamentos entre as empresas que concorrem, o processo acabou ficando travado e ainda é envolvido por polêmica.

Uma das bandeiras do petista, o assunto chegou a virar tema de debate entre os candidatos à Prefeitura, na eleição em que João Doria (PSDB) saiu vencedor no primeiro turno. Haddad foi cobrado por não ter entregue a PPP.

O processo estava travado por um parecer do TCM (Tribunal de Contas do Município), após pedido de um dos consórcios concorrentes. No último dia 2, data da eleição municipal, a Justiça decidiu que o TCM não tinha autoridade para impedir a licitação. A Folha apurou que Haddad conversou com Doria sobre o tema, que não teria se oposto em que o processo seguisse adiante.

Nesta terça (11), a gestão petista anunciou que abrirá na próxima terça-feira (18) os envelopes com as propostas dos dois únicos consórcios que permanecem na licitação: o Walks e FM Rodrigues/CLD.

"Se não tiver nenhum óbice, novas paralisações, tempo há [para terminar a PPP neste mandato]. Temos dois meses e meio. Seria bacana a gente entregar para a cidade uma coisa que vai modernizar a iluminação", afirmou o secretário municipal de Serviços, Simão Pedro.

DISPUTA

A FM foi a responsável por acionar o TCM, afirmando que as garantias de cumprimento do contrato dadas pela adversária não eram válidas. Após a decisão judicial que tirou o assunto da mão dos conselheiros do tribunal, a empresa apelou, sem resultado até o momento.

O Walks sustenta que tem como cumprir o contrato e que as empresas que fazem parte do consórcio têm expertise de mais de 50 anos na área. Em ambos os grupos, há empresas que enfrentam problemas financeiros ou judiciais. O Walks tem como integrantes a W Torre e a Alumini, ambas citadas na Lava Jato. A Alumini está em recuperação judicial.

O consórcio do qual a FM Rodrigues faz parte também comporta a empresa Consladel, que no ano passado foi condenada no Cade por prática de cartel em licitação para contratação de serviços de sinalização e fiscalização de trânsito no município de Jaú, em São Paulo.

CONTRATO ATUAL

Apesar de brigarem pela PPP, a FM e a Alumini há mais de dez anos dividem o contrato da iluminação pública na cidade. As empresas, no entanto, racharam no contrato, após queixas da FM em relação à atuação da Alumini. Por isso, a FM ficou com 60% do serviço e a Alumini com 40%.

O contrato assinado no primeiro semestre deste ano exigiu que cada uma das empresas oferecesse à Prefeitura uma apólice de seguro ou um depósito caução como garantia de que conseguiriam dar conta da prestação do serviço na cidade.

Sem garantias do contrato pela Alumini, em dificuldades financeiras, a prefeitura havia retido R$ 9,6 milhões da empresa. Na semana passada, após as eleições, a prefeitura liberou a empresa de pagar o caução.

A prefeitura e a Alumini afirmam que a liberação ocorreu porque a empresa apresentou as garantias exigidas, mas ambas não deram detalhes de quais são elas.


Endereço da página:

Links no texto: