Folha de S. Paulo


Após funcionar 30 anos na Augusta, Ca'd'Oro é reaberto com ar moderno

Bruno Santos/ Folhapress
São Paulo, SP, BRASIL, 09-10-2016: O Hotel Ca`'d`'Oro, que será reaberto por herdeiros no mesmo endereço do antigo. Na foto, o mensageiro Mário Roberto Espolaor (68), que trabalhou no antigo Ca`d`Oro por cerca de 30 anos. (Foto: Bruno Santos/ Folhapress) *** REV-SAOPAULO *** EXCLUSIVO FOLHA***
Na entrada do novo hotel, o mensageiro Mario Spolaor, que integrou a equipe do Ca'd'Oro por 30 anos

Ao lado da porta, de uniforme, ele discretamente mexe os pés. De vez em quando, dá uma voltinha, para as pernas não cansarem. Mario Spolaor, descendente de italianos, tem 68 anos e é mensageiro no Ca'd'Oro.

Ele, que entrou na empresa em 1979 ficou até o fechamento do hotel, em 2009, foi convidado "pelo patrãozinho" para retornar no novo projeto –e fica com os olhos cheios d'água ao contar. "A gente se emociona com as lembranças. Agora é assim, mais moderno, mas os pratos, os quadros, o piano são antigos. Muitos pianistas famosos já o tocaram", diz em referência ao piano de cauda Erard, de 1870, no salão do restaurante.

Os objetos, mantidos em depósitos durante esse período, foram realocados na tentativa de trazer a atmosfera do antigo Ca'd'Oro. O primeiro hotel cinco estrelas da cidade, que funcionou por 30 anos na rua Augusta, reabre as portas em nova versão nesta segunda-feira (10), no mesmo endereço.

A função foi dada aos objetos de arte porque o espaço é totalmente diferente. Aquele edifício foi demolido e deu espaço para duas modernas torres, de fachada espelhada, construídas pela Brookfield, uma residencial e uma comercial.

No edifício comercial há escritórios do segundo ao 18º andar. O hotel ocupa o primeiro andar (no térreo fica o restaurante) e o trecho entre 19º e 27º andares (onde estão os apartamentos, separados em três categorias e com diárias custando de R$ 450 a R$ 1.700). As duas partes têm entradas separadas, hóspedes e executivos não se encontram nos andares.

O Ca'd'Oro atual é muito menor do que o primeiro, que chegou a ter 400 quartos. "São 147 apartamentos hoje, o que torna mais fácil ter um serviço personalizado, que sempre foi a nossa filosofia de hotelaria", diz o gerente Fabrizio Guzzoni, neto do fundador.

Na época da compra do terreno, a Brookfield encomendou uma pesquisa e constatou que a cidade não lançava hotéis há uma década. Isso, unido à comoção do fechamento do Ca'd'Oro, incentivou a parceria com a família Guzzoni. "Mas aquela região não era mais espaço para um hotel tão grande e cinco estrelas, o centro de negócios da cidade havia mudado de lugar [para a Berrini]", diz Ricardo Laham, diretor de unidade de negócios da Brookfield.

Uma proposta de menos estrelas (agora são quatro), tarifas e quartos menores parecia se adequar mais ao Baixo Augusta, que interessa por seu "rejuvenescimento" e pela proximidade com os serviços públicos, jurídicos e a bolsa de valores.

"Sempre fomos daqui, e a história da região e do hotel se misturam: tanto do auge como do momento difícil. Agora, as pessoas estão voltando a frequentar o centro e vamos contribuir com a nossa parte", diz Guzzoni.

RECEITAS ITALIANAS

"O restaurante sempre teve uma importância grande dentro do Ca'd'Oro, afinal, foi assim que o negócio começou, em 1953", diz o gerente.

O cardápio mudou pouco, e reúne receitas do norte da Itália. O bollito misto, por exemplo, icônico cozido de carne e legumes, será servido como antigamente: em um carrinho a circular pelo salão (R$ 85). "Estamos testando as receitas há três meses, para chegar ao sabor original", diz Guzzoni, que trouxe o chef, Ednaldo Barreto Reis, que integrava a equipe anterior.

O espaço, de 80 lugares, já está recebendo reservas (e funciona em soft opening).

HOTEL CA'D'ORO R. Augusta, 129, Consolação, São Paulo, tel. (11) 3236-4300


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