Folha de S. Paulo


Domínio do Uber deve forçar Doria a reformular aplicativos de transporte

Fabio Braga/Folhapress
Barão atua pelo Uber há 8 meses e há três semanas começou trabalhar pelo Cabify
Motorista do aplicativo de transporte individual Uber em São Paulo

O domínio do Uber no serviço de aplicativos de transporte foi mapeado nos últimos meses pela Prefeitura de São Paulo e deverá se tornar um dos problemas do prefeito eleito João Doria (PSDB) no começo de seu mandato.

Após a regulamentação de maio deste ano pela gestão Fernando Haddad (PT), a prefeitura mapeou uma frota equivalente a 4.917 carros prestando esses serviços, próximo do limite de 5.000 fixado como meta para evitar a desorganização da atividade.

Só que 9 em cada 10 viagens ainda estão a cargo do Uber, pioneira entre os aplicativos, mas que já tem pelo menos mais quatro concorrentes (a espanhola Cabify, a indiana Willgo e as nacionais 99 e Easytaxi, que atuavam com só com táxis, mas que aderiram nos últimos meses aos motoristas particulares).

Essa concentração não é considerada conveniente pelos técnicos municipais, que já estão discutindo limites a serem repassados na transição à equipe de Doria.

Os concorrentes do Uber pressionam. "O modelo atual tem alguns riscos de estímulo ao monopólio", diz Daniel Velazco-Bedoya, diretor de operações da Cabify no Brasil.

Ele diz que, se uma só empresa comprar a maior parte dos créditos que permitem circular na capital paulista, ela poderá subir os preços do mercado com facilidade. "Se um sozinho inflaciona, os entrantes não têm as mesmas condições de competir."

As possibilidades discutidas neste fim da gestão Haddad para estimular a competição entre os aplicativos incluem a mudança no limite do número de carros dos serviços, a aplicação de taxas progressivas dependendo do tamanho da frota e a redução de motoristas cadastrados.

A decisão final, porém, deverá recair sobre Doria. Questionada, a assessoria do tucano não se manifestou. O Uber também não comentou.

Como funciona a regulamentação

PARA TODOS

O prefeito eleito se manifestou a favor dos aplicativos como Uber durante a campanha eleitoral, disse que a regulamentação atual era um bom começo, mas que precisaria evoluir. Diante da disputa com táxis, afirmou que "há espaço para todos".

Hoje, para atuar na cidade de São Paulo, as empresas precisam comprar créditos no mercado ao preço de R$ 0,10 por km rodado.

Umas das hipóteses estudadas para evitar um monopólio seria aumentar a cobrança para empresas com mais motoristas nas ruas.

A gestão Fernando Haddad deve fazer reuniões nesta semana para tratar do tema. Para tentar conquistar parte do espaço do Uber, aplicativos concorrentes apostaram em descontos nas tarifas.

O avanço do Uber em São Paulo a partir de 2014 provocou inicialmente forte resistência dos taxistas, que acusam a gestão Haddad (PT) de ter prejudicado a categoria com a regulamentação.

Como funcionao Uber


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