Folha de S. Paulo


Volume armazenado do Cantareira aumentou 6% durante período de seca

Apesar da falta de chuvas, o sistema Cantareira aumentou o volume de seus reservatórios em 6% desde o início do período de seca, em abril.

Neste ano, o mês de setembro foi o terceiro mais seco em 22 anos, de acordo com dados do Centro de Gerenciamento de Emergências da Prefeitura de São Paulo (CGE). O índice pluviométrico médio da cidade de São Paulo no mês foi de 18,4 milímetros, 75% abaixo da média histórica para o mês, que é de 73,3 milímetros.

"No mês de setembro, a persistência de uma massa de ar mais seco sobre grande parte do Sudeste dificultou a passagem de frentes frias mais organizadas sobre a Grande São Paulo. Dessa forma, foram apenas dois dias com chuvas significativas na capital", diz Thomaz Garcia, meteorologista do CGE.

O aumento atípico em época de seca no Cantareira ocorreu sobretudo por conta da precipitações acima da média nos meses de junho e agosto. Em junho, choveu 178,9 milímetros sobre os reservatórios, mais que três vezes a média histórica para o mês, de 58 milímetros. Já o mês de agosto, tipicamente seco, foi o mais chuvoso desde 1995 .

"A chuva naquela região é pouco comum na época de inverno, é algo fora do normal", afirma o meteorologista Marcelo Pinheiro, do Climatempo. Segundo ele, a propagação de áreas de instabilidade favoreceu a formação de nuvens carregadas na região no período de junho e agosto, causando a precipitação.

O aumento de 6% dos níveis de armazenamento representa um adicional de cerca de 60 milhões de litros de água no sistema. O manancial é responsável pelo abastecimento de 7,4 milhões de pessoas na Grande São Paulo. Durante 2014 e 2105, devido a seca, o Cantareira precisou utilizar seu volume morto, as reservas emergenciais de água, para continuar abastecendo as residências na cidade.

Hoje a situação é diferente. Nesta segunda-feira (3) o sistema opera com 55,9% de sua capacidade. No ano passado, na mesma data, ele operava com apenas 12,8%. Níveis abaixo de 30% são considerados críticos.

A Sabesp informou, por meio de sua assessoria, que a diminuição do consumo e as chuvas acima da média contribuíram para o aumento. Mesmo com o pior da crise tendo passado, o paulistano continua com o consumo menor do que os níveis anteriores à crise.

A retirada média do Cantareira, a água que sai do sistema, é de 25 m3/s no período. O índice está abaixo da média praticada antes da crise, de 31 m3/s. Isso permite que o manancial continue se recuperando nos próximos meses.

Enquanto a Cantareira viu o nível de seus reservatórios aumentar durante as estações secas, o mesmo não acontece nos outros reservatórios paulistas. Os mais afetados pelos meses de seca foram o Rio Claro, que viu seus níveis caírem de 98.7% para 70%; e o Alto Cotia, que desceu de 97,5% para 90,7%. A queda porém, era esperada e os níveis são considerados normais para o período.

Infográfico: Reservatórios da Grande SP

CHUVAS DE OUTUBRO

Outubro marca o início da temporada de chuvas, que se estende até abril, no final do verão. A partir de agora, as chuvas serão mais regulares e frequentes, mas não necessariamente acompanhadas de uma frente fria, como acontecia no inverno.

Esta semana começou com chuvas fortes ao longo do dia. A tendência deve permanecer até o dia 15, contribuindo ainda mais para o aumento dos níveis dos reservatórios. Somente nesta semana, a região do Cantareira deve acumular 50 milímetros de chuva, mais que todo o mês de outubro de 2014, quando São Paulo estava no auge da sua crise hídrica.

Na capital, a chuva que se iniciou nesta segunda (3) continuará até quinta (6), fazendo uma breve pausa na quarta, que terá o dia úmido e nublado, mas sem chuva forte. Apesar do início da primavera, por conta de um tempo mais frio e úmido, o paulistano terá uma semana com cara de inverno.

A máxima na quarta não ultrapassa os 20º C, e a mínima chega aos 14º C. A partir de quinta, o clima fica um pouco mais quente durante o dia, mas também bem mais frio durante a noite. Na sexta, sábado e domingo, os termômetros marcam 11º C na madrugada, e ultrapassam os 25º C durante o dia.

Segundo Pinheiro, esse tempo fechado é causado por áreas de instabilidade associadas a um sistema de baixa pressão atmosférica, que favorecem a formação de muitas nuvens carregadas. Ele afirma, porém, que podemos esperar um clima um pouco mais seco a partir da semana que vem. Assim, as chuvas podem acabar fechando o mês um pouco abaixo da média histórica.


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