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Após motim, penitenciária tem fuga em massa de presos no interior de SP

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Presidiários atearem fogo em uma das alas do centro de progressão
Presidiários atearem fogo em uma das alas do centro de progressão

Após um motim, o CPP (Centro de Progressão Penitenciária) de Jardinópolis (a 329 km de São Paulo) registrou fuga em massa de detentos na manhã desta quinta-feira (29). Ao menos 295 presidiários escaparam do local a partir das 9h, segundo relatos de policiais à Folha.

De acordo com a Polícia Militar, a fuga ocorreu após os detentos atearem fogo em uma das alas do centro de progressão. Superlotado, o local abriga 1.861 detentos no regime semiaberto, para uma capacidade de 1.080.

Foi justamente a superlotação o motivo alegado por familiares de detentos para a rebelião.

Editoria de arte/Folhapress
Onde Fica Jardinópolis

Na fuga, os presos derrubaram uma grade de cerca de quatro metros de altura e fugiram em meio às lavouras de cana-de-açúcar e matas existentes no entorno da prisão. Também fugiram pelo rio Pardo, que fica na divisa com Ribeirão Preto. Um pescador afirmou à polícia que um preso se afogou ao tentar fugir.

O fogo que começou na oficina da marcenaria se espalhou para um pavilhão do CPP. Um incêndio cujo início ainda não foi explicado começou em canaviais. O corpo de um preso, cujo nome não foi revelado, foi achado durante a tarde, carbonizado, em meio à cana queimada.

As polícias de cidades próximas, como Ribeirão Preto, Brodowski e Batatais, receberam alertas sobre a rebelião e a fuga em massa.

O motim fez a rodovia Candido Portinari, que passa em frente ao CPP, ficar interditada por quase uma hora. Segundo a Secretaria da Administração Penitenciária, foram recapturados 295 detentos até a noite desta quinta. Eles estão sendo encaminhados a prisões em regime fechado. As buscas continuam sendo feitas pela Polícia Militar.

Ainda conforme a secretaria, não havia motivo para o motim, "salvo o descontentamento com a revista rotineira que foi realizada, cujo objetivo é a apreensão de celulares, drogas e outros objetos proibidos". Do total de presos, 1.349 trabalham dentro da unidade penal.

A fuga em massa assustou motoristas que trafegavam pela rodovia e polícias de cidades próximas, como Ribeirão Preto, Brodowski e Batatais, que receberam alertas sobre a rebelião e a saída dos presos. Em alguns casos, houve troca de tiros com policiais militares. Não houve relato de feridos nem de reféns, segundo a Secretaria da Administração Penitenciária.

A pasta afirma que o tumulto começou durante revista de rotina e foi controlado pelo grupo de intervenção rápida, com apoio da PM. A polícia informou que a estratégia de incendiar vegetação para capturar foragidos não corresponde "com os padrões de atendimento de ocorrências" do gênero.

O Corpo de Bombeiros foi acionado para conter o fogo num dos pavilhões, e o helicóptero Águia foi usado na busca aos foragidos. Presos que não fugiram hastearam lençóis nas grades, acompanhados à distância por familiares que foram ao local.

Inaugurado há exatos três anos, o CPP é uma das 21 prisões abertas nos últimos seis anos em São Paulo que apresentam superlotação. A mais recente prisão em São Paulo foi inaugurada em Itatinga, na última sexta (23). Com capacidade para 847 presos provisórios, abrigava 22 na última terça (27).

Os presos recapturados passaram por uma revista na unidade prisional. Apenas de cuecas e com as mãos para cima, eles foram revistados antes de entrar no CPP e colocados no pátio, para contagem.

Abarrotadas - 18 das últimas 20 prisões inauguradas em SP já estão superlotadas


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