Folha de S. Paulo


Polícia prende casal suspeito de matar motorista do Uber em SP

Um casal de jovens foi preso na noite deste sábado (24), na zona sul de São Paulo, sob suspeita de ter assassinado um motorista do Uber. O crime ocorreu na noite da última quinta-feira (22).

Alessandro Rodrigo da Silva, 19, e Luana Pereira Maziero, 18, eram procurados desde quinta, quando o motorista Osvaldo Modolo Filho, 51, foi assassinado com facadas e dois tiros durante uma viagem pelo aplicativo. Segundo as investigações, a vítima, já ferida, foi jogada na rua pelos criminosos, que fugiram e abandonaram o carro metros à frente.

De acordo com a polícia, os dois presos confessaram o crime e disseram que queriam roubar o veículo para vendê-lo a um desmanche. O delegado Carlos César Rodrigues conta que os policiais chegaram até os suspeitos graças a um rastreamento feito a partir do celular do motorista do Uber, que tinha dados da última corrida. Ainda segundo a Polícia Civil, Rodrigo da Silva já tem registro na polícia por um outro roubo de carro.

O assassinato de Osvaldo motivou uma manifestação de cerca de 350 motoristas do Uber na sexta-feira (23). Eles percorreram ruas a partir da zona oeste até chegar ao velório do colega, na Vila Mariana, na zona sul. Os manifestantes desligaram o aplicativo durante o protesto. Eles afirmam que a rotina da categoria ficou mais arriscada desde que o Uber passou a permitir pagamentos em dinheiro –pagamento apenas por meio de cartão, dizem, facilita na identificação e no eventual rastreamento dos passageiros.

Arquivo Pessoal
Osvaldo Luis Modolo Filho, motorista do Uber assassinado na noite da última quinta (22) em São Paulo
Osvaldo Luis Modolo Filho, motorista do Uber assassinado na noite da última quinta (22) em São Paulo

Osvaldo completou 51 anos na quarta-feira (21), um dia antes de morrer. Estava no segundo casamento e tinha três filhos, todos com a primeira mulher.

Trabalhava com sistemas eletrônicos e passou a se dedicar exclusivamente ao Uber em março deste ano, depois que ficou sem emprego. Há menos de um mês, comprou um carro do modelo Captiva e passou a dirigir na modalidade Black do aplicativo, com carros mais luxuosos e corridas mais caras, segundo o amigo Jorge Ruo, também motorista, que conheceu Osvaldo em uma pós-graduação em administração.

Foi eleito em julho um dos melhores motoristas do Cabify, aplicativo concorrente para o qual também dirigia. "Esperamos que os responsáveis pelo crime sejam encontrados e punidos", disse a empresa em comunicado aos motoristas. "Ele era bem motivado, desejava bom dia a todos os motoristas sempre, de manhã. Era um professor para os colegas mais novos, ajudava todo mundo", diz. Ruo conta que conversou com Osvaldo pela última vez por volta das 19h e recebeu a notícia da morte pela mulher do amigo por volta de meia-noite.

"Quando ele entrou para o Black, a gente brincou que ele tinha ficado rico", diz o amigo Ailton de Moraes, também motorista. "Insistimos para ele pagar um almoço para a gente hoje em uma churrascaria, para comemorar o aniversário", conta. Segundo ele, Osvaldo era apaixonado por música clássica e tinha um órgão e um contrabaixo em casa. "Sou violinista e a gente se identificava muito, trocava referências", conta.


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