Folha de S. Paulo


CPTM projeta shopping e hotel em estação Brás, no centro de São Paulo

Dependente de verbas do governo estadual, a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) vai implementar um projeto ambicioso em busca de receitas não tarifárias: a construção de shopping, hotel e prédio empresarial na estação Brás, no centro de São Paulo.

O primeiro centro comercial do sistema ferroviário paulista está sendo planejado pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB) seguindo uma tendência lançada pelo Metrô, que já conta com cinco shoppings em estações.

A localização desse empreendimento é estratégica: a região é conhecida pelo intenso comércio popular, a estação já recebe 165 mil usuários por dia e a previsão é que alcance 220 mil até 2025.

Na avaliação da companhia, a praça de alimentação do shopping atrairia um público que visita ou trabalha na região. O hotel visaria moradores de outras cidades que estenderiam seu período de compras se tivessem uma opção confortável de estadia.

É planejado também um estacionamento para atender os ônibus de comerciantes que vêm de fora da capital.

"O projeto preliminar foi inspirado em modelos implantados em países como Inglaterra e Japão", diz a CPTM, que consultou a iniciativa privada sobre eventual interesse em um empreendimento desse tipo.

Após receber sinal positivo de associações comerciais, a companhia paulista avançou com os planos.

O shopping deve ser construído em área contígua à estação. O terreno, que pertence à União, abriga hoje um galpão usado por áreas administrativas e operacionais da própria empresa, além de pequenas casas que precisarão passar por desapropriação.

A entrada do centro comercial deve ocorrer pelo mezanino da estação, que atende as linhas 10-turquesa, 11-coral e 12-safira da CPTM. Lá há interligação com a linha 3-vermelha do Metrô, que já conta com diversas lojas e pontos de alimentação.

CONCESSÃO

A exemplo do que ocorre nos empreendimentos do Metrô, a construção do shopping da CPTM está sendo preparada em regime de concessão.

Sob esse modelo, as obras e a administração ficam sob responsabilidade privada; em troca, a companhia recebe um percentual anual do faturamento obtido. Ainda não há prazo definido para as obras do projeto, que ainda poderá sofrer alterações.

No ano passado, a cessão de espaços para estabelecimentos comerciais gerou receita de R$ 11,6 milhões à CPTM. No total, as verbas não tarifárias (não geradas por passagens) chegaram a R$ 56,7 milhões, 2,5% das receitas da companhia em 2015.

Há espaço para crescer: só com shoppings, o Metrô arrecadou R$ 46 milhões em um ano, quando suas receitas adicionais à venda de bilhetes chegaram a R$ 186 milhões.

No caso da CPTM, aumentar os lucros nesses setores é uma forma de garantir sua operação.

Editoria de arte/Folhapress

Diferentemente do Metrô, a empresa não se sustenta apenas com a tarifa paga pelos usuários –depende de subsídios do Estado.

No ano passado, a gestão Alckmin –também afetada pela recessão e promovendo diversos cortes– teve que repassar quase R$ 1 bilhão à companhia de trens.

Com a crise econômica, há diminuição no número de passageiros pagantes na rede ferroviária da região metropolitana; por outro lado, a concessão de gratuidades e descontos a estudantes e idosos tem crescido.

Em 2015, a empresa teve queda de 5% no número de passageiros pagantes e de 0,2% no número total de passageiros, que chegou a 831 milhões. Desse total, 52 milhões foram transportados gratuitamente, um aumento de cerca de 20 milhões em relação ao ano anterior.

A expectativa da CPTM é que as gratuidades (que incluem ainda desempregados) continuem a subir neste ano.


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