Folha de S. Paulo


Megaoperação de combate à pedofilia na internet prende 64 pessoas em SP

Divulgação
Polícia faz operação de combate à pedofilia em Penápolis, na região de Araçatuba, no interior de SP
Polícia faz operação de combate à pedofilia na região de Araçatuba, no interior paulista

Uma megaoperação da Polícia Civil de combate à pedofilia na internet prendeu nesta sexta-feira (2) 64 pessoas no interior de São Paulo.

Entre os presos há advogados, comerciantes, agente penitenciário, policial militar aposentado, pastor de igreja evangélica, monitor de escola infantil e ao menos dois idosos com cerca de 70 anos.

Segundo a polícia, a maioria dos suspeitos —95%— não tinha registros anteriores de crimes sexuais ou qualquer outro tipo de crime.

"Tudo nos surpreendeu. A maioria era de pessoas instruídas, comerciantes, educadores, bancários. Pessoas que sabiam que estavam fazendo", disse Marcos Buarraj Mourão, delegado de Bauru (a 329 km de São Paulo).

Ao todo, 78 suspeitos foram alvo da operação em 40 cidades do interior paulista, nas regiões de São José do Rio Preto, Araçatuba, Presidente Prudente e Bauru. Batizada de Peter Pan, a operação envolveu cerca de 350 policiais.

PAI E FILHO

As equipes da Polícia Civil foram até a casa dos suspeitos e, após localizar os computadores, analisaram as imagens armazenadas.

Quando o conteúdo sexual com crianças era confirmado, o dono do computador era preso em flagrante.

Na casa de um dos suspeitos presos, um técnico de informática, os policiais precisaram recuperar o material que havia sido apagado. Os nomes dos presos não foram divulgados.

Segundo policiais ouvidos pela Folha, grande parte das famílias dos envolvidos se mostrou perplexa na operação. Em pelo menos uma das casas acessadas pelos policiais, o pai teve que assumir a autoria para que o filho não fosse preso injustamente.

Na região de Araçatuba, um dos homens detidos tentou se matar dentro da cela onde aguardava a elaboração do flagrante. Ele fez uma corda com a própria roupa e teve de ser socorrido.

ADULTO

Parte dos presos alegou que baixou o conteúdo criminoso acidentalmente ao buscar material pornográfico adulto.

Essa versão não convenceu os policiais porque, segundo eles, os sites acessados pelos suspeitos ficam na chamada "deep web" (internet profunda), cujo conteúdo está fora do alcance de qualquer mecanismo de pesquisa, como o Google, e que abriga, na maior parte das vezes, conteúdo ilegal ou controverso.

E, também, porque alguns suspeitos ficaram dias seguidos baixando o tal conteúdo. Um deles tinha cerca de 1.000 vídeos do gênero, alguns com sexo até com bebês de colo.

A investigação da Polícia Civil de São Paulo teve início em abril deste ano pelos agentes da cidade de Araçatuba a partir de ferramentas que conseguem identificar o ID dos computadores que baixam pornografia infantil.

A investigação, então, se estendeu para outras região do interior e deve ter continuidade nos próximos meses.

De acordo com a polícia, a maioria dos suspeitos não tinha ligação entre si.

Pela lei, é crime distribuir, manter ou armazenar material de pornografia infantil.

A pena para o crime de posse de material pornográfico infantil é de um a quatro anos de prisão. Já a pena para quem compartilha o material é de três a seis anos.

No caso de serem comprovados os dois crimes, as penas se somam. O crime é considerado inafiançável.


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