Folha de S. Paulo


Postos de tratamento mental sofrem com falta de médicos

Rivaldo Gomes/Folhapress
SAO PAULO, SP, BRASIL, 24-8-2016 - VIGILANTE SEMANAL AGORA - 07:45:35 - O Agora faz Vigilante Semanal sobre o atendimento nos CAPs da cidade de Sao Paulo. Geral do CAPs da Vila Brasilandia, na zona norte
CAPs da Vila Brasilandia, na zona norte

Psiquiatras que só atendem duas vezes por semana, horários de primeiro atendimento limitados e estrutura comprometida foram alguns dos problemas encontrados pela reportagem do "Agora" durante visita em oito dos 82 Caps (Centros de Atenção Psicossocial) da Prefeitura de São Paulo, sob a gestão Fernando Haddad (PT). O serviço oferece tratamento para dependentes de álcool e drogas e pacientes com doenças mentais.

A falta de padrão no atendimento inicial aos doentes ou a familiares foi um dos principais pontos observados pela reportagem. Ao contrário do que estabelece o serviço, em que profissionais especializados devem fazer o primeiro atendimento em um local adequado, o acolhimento, em alguns endereços, foi feito até na porta da unidade e por seguranças patrimoniais.

A situação mais crítica foi flagrada pela reportagem no Caps Adulto Lapa (zona oeste), que atende pacientes com transtornos mentais. Com a porta principal do prédio fechada, por volta das 9h, o acesso era feito por um corredor lateral. Um segurança abordou a reportagem e disse ser ele o responsável por transmitir as informações sobre o serviço oferecido.

"Aqui eu faço de tudo", disse o homem. Ele afirmou que o atendimento ali só era realizado por meio de um encaminhamento da UBS (Unidade Básica de Saúde). Somente após muita insistência, o profissional encaminhou a reportagem para uma recepção no andar superior do prédio da unidade.

No Caps Santo Amaro (zona sul,) uma assistente social fez o primeiro atendimento, mas alertou para a falta de profissionais. Só havia um psiquiatra. Já no Caps AD Jabaquara (zona sul), um profissional atende duas vezes por semana, segundo funcionários.

Na unidade da Vila Prudente (zona leste), o cenário não é diferente. "Só há um médico para 300 pacientes", queixou uma atendente. O horário do primeiro atendimento, diz ela, foi limitado por causa da falta de profissionais –das 8h às 11h e das 13h às 16h.

O Caps Jabaquara é o que possui a pior estrutura, com paredes mofadas e pouca iluminação natural.

OUTRO LADO

A Secretaria Municipal da Saúde, da gestão Fernando Haddad (PT), disse que só há um psiquiatra nos Caps porque o modelo não se concentra no atendimento medicamentoso, mas sim no psicossocial. "É a equipe multidisciplinar que pensa no projeto terapêutico individual do paciente", afirmou, por meio de nota.

Sobre a unidade Lapa, disse que está providenciando reformas nos bancos e nas salas. Em relação ao segurança, negou que ele tenha dado informações, apesar de o vigia ter conversado com a reportagem.

O órgão disse ainda que os pacientes não precisam ser encaminhados por UBS, basta procurar o serviço do Caps de seu bairro. Sobre a sujeira da unidade da Brasilândia, disse que a limpeza é feita por uma empresa terceirizada. De acordo com a prefeitura, a reforma do Caps Jabaquara está agendada para setembro e os profissionais da Vila Prudente foram reorientados sobre o atendimento.


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