Folha de S. Paulo


Com crise de segurança, governador do RS quer Força Nacional no Estado

Luiz Chaves/Divulgação
Governador pede apoio da Força Nacional de Segurança para guarda externa de presídios
Governador do RS pede apoio da Força Nacional de Segurança para guarda externa de presídios

Em meio ao agravamento da crise da segurança pública no Rio Grande do Sul, o presidente interino, Michel Temer (PMDB), decidiu deslocar para o Estado cerca de 200 agentes da Força Nacional que estavam no Rio para atuar na Paraolimpíada.

Temer atendeu ao pedido do governador gaúcho, o também peemedebista José Ivo Sartori, que era cobrado para que pedisse ajuda de tropas federais desde 2015 —inclusive pelo prefeito de Porto Alegre, José Fortunatti (PDT).

O Estado enfrenta crise em suas finanças, com atrasos nos salários dos servidores, inclusive de policiais, e alta de índices de criminalidade.

Carlos Ferrari - 3.ago.2015/Brazil Photo Press/Folhapress
O governador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori (PMDB), pedirá reforço da Força Nacional
O governador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori (PMDB), pedirá reforço da Força Nacional

No início da noite desta quinta-feira (25), o secretário de Segurança, Waltuir Jacini, deixou o cargo depois de mais um latrocínio (roubo seguido de morte) em Porto Alegre, tipo de crime que subiu 35% no primeiro semestre deste ano em relação a igual período de 2015 —de 66 para 89.

O crime que motivou a saída de Jacini ocorreu por volta das 18h desta quinta (25), em frente ao colégio Dom Bosco, no bairro Higienópolis, área nobre da cidade.

Cristine Fonseca Fagundes, 44, estava com sua filha adolescente em um automóvel Honda Fit esperando o filho mais novo sair do colégio Dom Bosco, na capital.

Reprodução/Facebook
Cristine Fonseca Fagundes foi morta por um assaltante em frente a uma escola, na zona norte de Porto Alegre
Cristine Fonseca Fagundes foi morta em frente a uma escola, na zona norte de Porto Alegre

Ela foi abordada por um homem armado, que atirou enquanto Cristine tentava tirar o cinto de segurança. Ele fugiu com outros três homens que o aguardavam sem levar o automóvel da vítima.

"VELÓRIO SIMBÓLICO"

Dezenas de pessoas fizeram um "velório simbólico", na noite desta quinta (25), em frente à casa do governador. O protesto contou com oito cruzes, que representam vítimas recentes.

A "Banda Loka Liberal", que animava os protestos pelo impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff (PT), divulgou o endereço de Sartori e convocou para o protesto na sua página do Facebook. O grupo também organiza um protesto marcado para domingo (4), às 10h, no Parque Farroupilha, conhecido como Redenção.

O nome do evento é "Pela Segurança - Contra a Omissão do Governador" e reivindicará a "presença da Força Nacional, Guarda Municipal armada, direito de portar arma para defesa pessoal, prioridade na segurança pública, fim da redução de pena e fim do semiaberto".

REGIÃO METROPOLITANA

O governador reuniu-se com Temer na manhã desta sexta-feira (26) para definir o envio da Força Nacional.

A intenção é que o efetivo reforce a segurança em presídios, o que permitirá a liberação de um maior contingente de policiais militares para atuarem em monitoramento e repressão nas ruas.

Segundo Sartori, o deslocamento de homens da Força Nacional pode ser ampliado caso haja necessidade.

"Será deslocado, em uma primeira etapa, um contingente da Força Nacional para auxiliar a Brigada Militar [a PM gaúcha] na região metropolitana de Porto Alegre. E, depois, virão outros momentos", afirmou Sartori.

No encontro, o governador também solicitou a Temer ajuda para aumentar a compra de armamento, equipamentos e veículos e que seja construído um presídio federal na capital gaúcha.

Além do avanço de latrocínios, outros índices de criminalidade aumentaram no primeiro semestre no Rio Grande do Sul, como roubos em geral (20%), de veículos (16%) e homicídios (6%).

O governo tem dado calote nos salários dos servidores estaduais ligados ao Executivo há sete meses consecutivos. Policias militares e civis convivem com a rotina de salários parcelados, algumas vezes em parcelas menores que um salário mínimo.

Sartori chegou a cortar o combustível para os carros da polícia. Judiciário e Legislativo recebem normalmente.

Esse é um dos fatores que impulsiona a diminuição do efetivo da Brigada Militar. O número de policiais aposentados saltou de 768 em 2013 para 1.888 em 2015. A estimativa é que 3.000 policiais se aposentem neste ano.

Sartori diz que a crise da segurança "vem de longo tempo, de outras circunstâncias". Ele anunciou, após a demissão do secretário, a criação de um "Gabinete de Crise", capitaneado pelo seu vice, José Paulo Cairoli (PSD).

Uma das funções do gabinete será responder pela Secretaria da Segurança.

Em entrevista, Cairoli disse que, quando a gestão de Sartori completar quatro anos, "o Estado será outro". Sartori está prestes a completar dois anos à frente do RS.


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