Um grupo de bandidos armados de fuzis rendeu policiais militares no final da tarde desta segunda-feira (15) em Mogi das Cruzes (Grande São Paulo), roubou um veículo oficial da PM e o explodiu minutos depois.
O ataque ocorreu na rodovia Mogi-Dutra quando policiais em dois carros da corporação pararam para prestar auxílio a vítimas de um acidente de trânsito –que, na avaliação deles, seriam policiais, já que os homens usavam coletes da Polícia Civil.
Os criminosos (vítimas do acidente) renderam os PMs, tomaram suas armas e usaram um dos carros da corporação para fugir. Os policiais não ficaram feridos.
O comando da PM não informou a quantidade de agentes que ocupavam os carros. Segundo policiais ouvidos pela Folha, seriam dois.
Quando os PMs conseguiram pedir auxílio, foi iniciada uma grande operação para tentar prender os suspeitos, com a participação de equipes do grupamento aéreo.
Pelo rádio, os responsáveis pelo envio de reforços determinavam cercos na região de Mauá, no ABC paulista, e informavam ter havido troca de tiros –informação não confirmada pelo comando da PM.
Minutos depois, na sequência de áudios aos quais a reportagem teve acesso, policiais contaram que o veículo da PM havia sido explodido pelos criminosos no início no trecho leste do Rodoanel, no sentido de Mauá, destruindo a parte interior e arrancando quase todo o teto.
DINAMITE
A polícia não sabe como os criminosos escaparam daquele ponto em diante –se eles roubaram outros veículos ou se outra parte do bando prestou auxílio para a fuga. Ninguém havia sido preso até a conclusão desta edição. A PM ainda mantinha equipes em busca dos suspeitos.
A Secretaria da Segurança Pública disse à reportagem que só dará detalhes do caso nesta terça –porque ele ainda não havia sido concluído.
Policiais ouvidos pela Folha disseram que os bandidos utilizaram dinamite para a explosão do carro da PM. Isso reforça a suspeita de integrantes da cúpula da Segurança Pública do governo Alckmin (PSDB) de que eles planejavam assaltar algum carro-forte, mas acabaram acidentalmente se deparando com os agentes da PM.
Na pressa, segundo policiais ouvidos pela reportagem, os criminosos acabaram esquecendo um dos fuzis utilizados por eles na ação. O armamento é restrito para as Forças Armadas e polícias. Esse tipo de arma tem sido utilizada em assaltos de grande porte porque, dependendo do calibre, consegue perfurar inclusive carros blindados.
O carro destruído pelos criminosos pertence ao serviço interno do batalhão da PM de Mogi e, assim, não participa do patrulhamento nas ruas. O veículo, segundo os policiais, estaria ocupado no momento por um major integrante do comando do 35º batalhão, além do motorista dele.
O comando da PM não informou a identidade dos policiais envolvidos.
Os roubos a carro-forte e a caixas eletrônicos em São Paulo têm sido uma das maiores preocupações da polícia paulista nos últimos meses. Bandos de até 20 criminosos armados de fuzis atacam cidades de médio porte.
Nos últimos oito meses, além de Ribeirão Preto, Campinas e Santos sofreram mega-assaltos a transportadoras de valores que resultaram em pelo menos R$ 135 milhões roubados pelas quadrilhas, além de cinco mortes e quatro pessoas feridas.