Um acordo homologado pela Justiça permitirá que os antigos moradores de Bento Rodrigues, subdistrito de Mariana (MG) soterrado pela lama de rejeitos minerais da Samarco, acessem o local sem autorização prévia.
A entrada será permitida às quartas, sábados e domingos, das 8h às 18h, para atingidos que passarem por um treinamento da Defesa Civil municipal. Também será liberada a celebração de festas populares após combinação prévia com a Samarco e Defesa Civil. Os moradores planejam comemorar os dias de Nossa Senhora das Mercês, Aparecida e Finados no local.
O acordo foi assinado no último dia 4 e divulgado pelo Ministério Público de Minas Gerais nesta terça (9). Como a Folha reportou, no último mês os atingidos passaram a ocupar o vilarejo destruído, com ou sem permissão, com a realização de missas, funerais e festejos.
Atualmente, para chegar a Bento, os atingidos precisam de autorização da Defesa Civil ou da Samarco. Segundo o promotor Guilherme Meneghin, a mineradora chegou a colocar "reiteradamente empecilhos" a esse acesso.
Na área, ainda estão casas inteiras e em pedaços, além das antigas ruas e ruínas de sítios históricos do século 18. Há um processo de tombamento iniciado pelo Conselho Cultural de Mariana.
O acesso a Bento Rodrigues será regulamentado por um decreto da Prefeitura de Mariana que deve ser publicado até o início de setembro. Já a Samarco se comprometeu a manter a segurança e o controle na entrada e saída de pessoas ao local e também terá que apresentar, ainda este mês, um projeto de ponte e guarita.
O acesso a Bento Rodrigues é valido enquanto não houver definição do que será feito com o terreno. Os moradores que perderam as casas vivem, provisoriamente, em imóveis alugados pela Samarco e serão transferidos para uma nova vila, que será construída pela mineradora.
O rompimento da barragem da Samarco, cujas donas são a Vale e a anglo-australiana BHP Billiton, matou 19 pessoas em novembro do ano passado, destruiu Bento Rodrigues e poluiu o rio Doce até a sua foz, no Espírito Santo.