Moradores do prédio de 12 andares do Cine Marrocos dizem que desconheciam as atividades dos coordenadores do MSTS (Movimento Sem Teto de São Paulo) presos no local, na última sexta-feira (5), na região central.
A ação da polícia teve dois focos, a cracolândia e o Cine Marrocos. Ao menos 32 pessoas foram detidas.
Segundo o Denarc (departamento de narcóticos), os coordenadores do MSTS são suspeitos de vinculação no suporte logístico da facção criminosa PCC para a venda de drogas na cracolândia e na região da Galeria do Rock. Desde sexta, a Folha tenta contato com o advogados dos presos. Ele não foi encontrado.
Criado em 2012, o MSTS é uma dissidência de outros grupos e já esteve envolvido em outras polêmicas como a cobrança de taxa de famílias –o que não é aceito por parte dos grupos de sem-teto.
Segundo a desempregada Márcia Ferreira dos Santos, 32, os sem-teto devem sair do prédio assim que a prefeitura determinar. Desde que a coordenação do MSTS foi presa, ela é uma das pessoas que organizam o cotidiano no edifício.
No sábado à noite, em uma reunião, ficou acertado que os moradores devem deixar de pagar os R$ 200 de mensalidade ao movimento e que o grupo não irá se opor à saída. Segundo ela, a tendência natural é que o movimento se desfaça. "Por mim já deu o que tinha que dar. Vamos organizar a saída e só", afirmou.
NEGOCIAÇÃO
A prefeitura confia que os cerca de 600 moradores desocuparão o prédio de 12 andares pacificamente.
O edifício –que já abrigou um dos cinemas mais luxuosos da cidade– pertence à prefeitura, é ocupado por sem-teto desde 2013.
O pedido de reintegração de posse, requerido pela administração Fernando Haddad (PT) em março, foi suspenso pela Justiça no mesmo mês a pedido da própria administração municipal.
À Folha a prefeitura afirmou que "está em processo de negociação com os moradores para que saiam do prédio de forma pacífica e por etapas". A prefeitura descarta, por ora, fazer novo pedido de reintegração de posse.
Neste domingo (7), a Secretaria de Estado da Segurança Pública divulgou a decisão judicial de março que mostrava que o pedido de reintegração de posse foi suspenso.
A nota da pasta explicitava que a decisão "retirou qualquer obrigação" da Polícia Militar em apoiar a reintegração de posse do edifício.