Folha de S. Paulo


Grupos pedem Delegacia da Mulher 24h nos dez anos da Maria da Penha

Divulgação
Grupos pedem Delegacia da Mulher aberta 24h nos dez anos da Lei Maria da Penha
Mulheres protestam por delegacias 24h

Os grupos Minha Sampa e Mulheres Mobilizadas aproveitaram a celebração de dez anos da Lei Maria da Penha neste domingo (7) para fazer um ato de ocupação na avenida Paulista. Os manifestantes reivindicam o funcionamento 24h das Delegacia de Defesa da Mulher (DDM).

Eles também pedem a criação de um conjunto de normas e fiscalização para melhorar o atendimento a mulheres agredidas.

O ato reuniu cerca de 45 pessoas. Às 15h, mulheres vestidas de preto com maquiagens simulando marcas de agressão e mordaças ocuparam a região em frente a Fiesp, na altura da rua Pamplona.

Hoje São Paulo possui nove delegacias especializadas no atendimento de vítimas de violência contra a mulher, mas elas funcionam apenas de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h, exceto a unidade do centro, que funciona até 20h. Não há atendimento no final de semana.

"Temos que pedir que essas delegacias tenham um atendimento de melhor qualidade, a qualquer hora do dia, todos os dias da semana" diz Guilherme Coelho, 39, coordenador do da ONG Minha Sampa.

Relação com o agressor - Em %

Segundo Coelho, um grande desafio para combater a violência de gênero é fazer com que as vítimas consigam denunciar seus agressores. Dados da ONG apontam que 90% desses casos no país não são denunciados.

"A maioria dos casos acabam acontecendo em casa, à noite, durante o final de semana, já que a vítima normalmente é próxima do agressor. E ela tem que esperar até segunda para prestar uma queixa em um local despreparado. Isso acaba desestimulando a denúncia" diz Coelho.

Números do SUS mostram que 65% das agressões partem de pessoas próximas da vítima, e 72% delas acontecem dentro de casa.

Local da agressão - Em %

Em junho, reportagem da Folha mostrou que uma série de reclamações encaminhadas à Ouvidoria da Polícia Civil de São Paulo aponta a falta de amparo das próprias DDMs à mulher que sofre algum tipo de violência.

Segundo o SUS, 49,2% das mulheres agredidas voltam a sofrer violência.

NOVOS HORÁRIOS

Procurada pela Folha, a Secretaria de Segurança Pública informou que a 1ª DDM, na Sé, começará a funcionar 24h, nos sete dias da semana até o final de agosto. A pasta aguarda a formatura de novos agentes para iniciar o novo horário. Não há data de previsão para a mudança, que ocorrerá inicialmente apenas na unidade da Sé.

A secretaria informou que os casos de violência contra a mulher também podem ser registrados em outras delegacias não especializadas. Porém, a reportagem da Folha relatou histórias de mulheres que tiveram o atendimento negado em delegacias comuns.

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MARIA DA PENHA

O que é
Criada em 2006, a Lei Maria da Penha estabelece que violência doméstica –física, psicológica, sexual, patrimonial ou moral– é crime

Medidas protetivas
A lei prevê que a Justiça conceda medidas para garantir a proteção das vítimas, em até 48h após a notificação da agressão

Algumas delas
> Afastamento do lar
> Limite de aproximação e proibição de contato com vítima, familiares e testemunhas
> Proibição de presença em determinados locais
> Restrição de visitas aos dependentes menores


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