Folha de S. Paulo


Presos suspeitos de liderar ataques no RN são transferidos

Hudson Helder/Cedida
Detentos do RN são transferidos para presídios federais após onda de ataques
Detentos do RN são transferidos para presídios federais após onda de ataques

Os 21 detentos suspeitos de liderarem a série de ataques no Rio Grande do Norte foram transferidos na manhã deste sábado (6) em um avião da Polícia Federal para os presídios de Catanduvas (PR), Campo Grande (MS) e Porto Velho (RO). A aeronave decolou do aeroporto Aluízio Alves por volta das 10h.

A transferência acontece após uma tentativa frustrada na sexta-feira, quando os presos ficaram esperando por três horas no aeroporto até serem informados de que deveriam retornar ao presídio estadual de Parnamirim. O local foi alvo de uma rebelião e incêndio na quinta-feira.

ATAQUES NO RIO GRANDE DO NORTE
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O voo de sexta foi cancelado por falta de autorização judicial para a transferência de sete detentos. Segundo a Sejuc (Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania), a autorização foi concedida no fim da tarde. Mas como não havia mais tempo para a decolagem, o trajeto foi reagendado para a manhã deste sábado.

No presídio de Parnamirim, foi instalado o primeiro bloqueador de sinal de celular, na semana passada, o que se tornou o principal argumento do governo para explicar os ataques em série vistos no Estado.

A transferência de presos seria a segunda medida tomada pelo Estado em reação aos ataques, depois da chegada de tropas do Exército, na quarta-feira (3). O presidente interino Michel Temer (PMDB) autorizou o reforço de militares no domingo (31).

No grupo transferido está o traficante João Maria dos Santos Oliveira, 32, conhecido como "João Mago", que seria um dos líderes do "Sindicato do Crime", grupo criminoso apontado como articulador dos ataques registrados em Natal e na região metropolitana. Ele estava foragido da penitenciária de Parnamirim, mas foi recapturado no domingo.

TRÉGUA

Após cinco dias seguidos de incêndios e disparos contra edifícios públicos, o Rio Grande do Norte não registrou nenhum ataque neste sábado (6). O último caso aconteceu na madrugada de quinta-feira, quando dois quiosques foram incendiados no município de Lagoa Salgada (a 52 km de Natal).

Na mesma madrugada, detentos do presídio de Parnamirim fizeram uma rebelião e tentaram danificar os bloqueadores de celulares, instalados na semana passada.

O Estado, porém, não incluiu o episódio do presídio no balanço das 109 ocorrências em 33 cidades, que incluiu incêndios a ônibus e ataques a bases policiais. A lista inclui ao menos 63 incêndios, 31 tentativas de incêndios, sete disparos contra prédios públicos e proximidades, quatro envolvendo artefatos explosivos e quatro depredações.

Renata Moura/Folhapress
Homens do Exército próximo a ônibus queimado na praia Brasilia Teimosa, em Natal
Homens do Exército próximo a ônibus queimado na praia Brasilia Teimosa, em Natal

PASSEATA

A onda de ataques motivou a ida de cerca de 1.350 homens, entre Exército, Marinha e Força Aérea, ao Rio Grande do Norte para realizar patrulhamentos em áreas turísticas, comerciais e de maior fluxo de pessoas.

Só do Exército são cerca de mil militares, provenientes de Pernambuco, Paraíba e do interior potiguar. Outros 524 estão no Ceará e poderão ser acionados se houver necessidade de mais reforço.

Neste sábado (6), um grupo de 120 carros saiu em carreata do Centro de Convenções, na Ponta Negra, em direção ao Comando da Polícia Militar, no bairro Tirol, em apoio à polícia e às forças militares. O trajeto, de pouco mais de 10 km, foi iniciado às 9h.

A presença das tropas, inicialmente, está autorizada até o dia 16 de agosto. Nesta quinta (4), o governador pediu ao ministro da Defesa, Raul Jungmann, em Natal, que estenda a permanência dos militares no Estado "por 30 dias ou até dois meses", mas a formalização do pedido, que precisa ser feita à Presidência da República, "ainda está em andamento e deverá ser enviada em breve".

A ampliação do prazo seria necessária, segundo o governador, para que o bloqueio aos celulares seja instalado em todas as unidades prisionais.


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