Folha de S. Paulo


Alice Editha Klausz (1928-2016)

Mortes: Comissária pioneira, atuou por mais de 60 anos

Apesar dos mais de 60 anos dedicados à aviação, Alice Editha Klausz costumava dizer que cada voo era diferente por conta das pessoas que servia. Nas últimas décadas, eram pesquisadores, militares, políticos e até pinguins, indo ou vindo da Antártida.

Nascida em São Paulo, tia Alice, como era conhecida, foi ainda pequena para Porto Alegre. Com pai húngaro e mãe romena, falava mais alemão que português e não tinha muitos parentes no país.

Estudou biblioteconomia e chegou a iniciar a faculdade de direito, mas foi só ver um anúncio no jornal para mudar tudo. Era a primeira seleção para comissárias da Varig.

Aprovada, tia Alice fez seu primeiro voo em 1954 e logo se apaixonou pela profissão. Era séria, exigente, perfeccionista. Preocupava-se até com as gravatas dos funcionários.

Fez o primeiro voo internacional da companhia, serviu presidentes como Juscelino Kubitschek e João Goulart, fez o primeiro manual da empresa para comissárias de bordo e dirigiu a escola de comissárias no Rio. Aposentou-se apenas no final dos anos 80.

Fora da Varig, tia Alice conheceu o Proantar (programa da Marinha brasileira de pesquisa na Antártida) e se tornou voluntária para os voos da FAB do programa.

Apesar da falta de luxo das aeronaves, ela mantinha a sofisticação e chegou a revolucionar a comida, até então servida fria. Foram mais de cem voos para a Antártida. Nas paradas, em Pelotas (RS) e Punta Arenas, no Chile, levava revistas e chocolate aos amigos que fez pelo caminho.

Morreu dia 20, aos 88 anos, após problema do coração. Deixa a irmã, Vera, e os sobrinhos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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