Em mais um reflexo da maior crise de sua história, a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo deixou de fazer, desde a semana passada, cirurgias eletivas, aquelas que não têm caráter de urgência. Cerca de 40 pessoas estão sendo afetadas todos os dias com a medida, que deve durar até a próxima semana.
Segundo a instituição, a decisão foi tomada para que o recurso disponível seja aplicado na manutenção das operações no pronto-socorro, que atende cerca de 1.500 pessoas por dia, e para evitar riscos maiores aos pacientes.
J.Duran Machfee/Folhapress | ||
Santa Casa de Misericórdia de SP deixou de fazer cirurgias eletivas |
"Estamos com nossos estoques de insumos em um nível perigosamente baixo. Não podemos botar para dentro da Santa Casa pessoas que não passam por riscos de vida e comprometer a situação dela por não termos como atendê-la adequadamente", afirma José Carlos Vilela, superintendente da instituição.
Com um dívida de R$ 868 milhões com fornecedores e credores, o hospital pleiteia um aporte financeiro de R$ 360 milhões do BNDEs e da Caixa Econômica Federal para conseguir retomar sua plena atividade. As tratativas para o empréstimo estão avançadas, mas, em curto prazo, a Santa Casa não tem conseguido recursos para funcionar plenamente e afirma ter de adotar medidas "impopulares" para sobreviver.
"Pedimos ajuda para o Estado e município para atravessar esse momento, embora todos estejam em dificuldade. Não tratamos de nenhum valor específico. Solicitamos envio de remédios e de recursos financeiros. Há boa vontade e deveremos ter uma resposta positiva", diz o superintendente.
Segundo a instituição, um "respiro financeiro" deve ocorrer já na semana que vem e os pacientes terão suas cirurgias remarcadas. "O hospital não parou. O pronto-socorro está funcionando e os ambulatórios também. Mas temos de ter sustentabilidade em nossas operações. Só assim, e com ajuda de um novo empréstimo para nos reequilibrarmos diante das dívidas, vamos sobreviver", declarou Vilela.