Folha de S. Paulo


Haddad atribui baixa popularidade da gestão a 'confusão' das pessoas

Gabriela Di Bella/Folhapress
Trainees de Ciência e Saúde entrevistam o prefeito Fernando Haddad
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, em entrevista à Folha

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), atribuiu a baixa popularidade de seu governo apontada na mais recente pesquisa Datafolha à "confusão das pessoas".

"Existe confusão generalizada sobre responsabilidades, quem é culpado do quê. As pessoas não são obrigadas a acompanhar as coisas no dia a dia", afirmou Haddad, em entrevista à Folha. Levantamento feito pelo Datafolha na semana passada mostrou que só 14% da população considera a gestão do petista ótima ou boa.

Para esse período do mandato, a avaliação é a pior desde Celso Pitta (7%), que foi prefeito de 1997 a 2000, em gestão marcada por escândalos de corrupção e por ameaça de impeachment.

Haddad disse que um dos exemplos de confusão dos munícipes aparece na saúde. Enquanto 79% dos entrevistados afirmam que esperavam mais da gestão Haddad, só 11% dizem haver atendimento ruim ou péssimo nas unidades básicas de saúde –e 8% nas AMAs (que prestam serviço não agendado).

Para Haddad, as pessoas terão um entendimento melhor sobre sua gestão quando começar a campanha eleitoral. Ele tentará a reeleição em outubro, mas, pelas pesquisas de intenção de voto, não chegaria neste momento nem no segundo turno.

O petista reclamou que a imprensa não tem feito debates sobre "temas estruturais da cidade", como saúde e educação. "Esse noticiário sobre a crise política e a Lava Jato ocupa tanto espaço que fica difícil comunicar", disse.

ANÁLISE

Ao entrar no último semestre do mandato, Haddad afirma que gostaria de ter investido mais em locação social (moradia popular) –hoje há um deficit estimado em 230 mil casas na capital paulista.

Para contornar a questão, ele disse que estuda usar prédios desapropriados ou recebidos do INSS para abrigar pessoas de baixa renda. Outro ponto que Haddad afirma que gostaria de ter tido desempenho melhor é a entrega de unidades de saúde. Ele diz ter sido prejudicado pelo baixo repasse de verbas federais, prometido pelo governo Dilma Rousseff. O fato de ser do mesmo partido da presidente era anunciado pelo petista como uma das vantagens quando ele se elegeu.

Como avanço de sua gestão, Haddad diz destacar a renegociação da dívida feita com a União (caiu de R$ 70 bilhões para R$ 30 bilhões). O petista também apontou a Rede Hora Certa, implementada em seu governo. Nas unidades, os pacientes fazem consulta, exame e cirurgia num mesmo local.

Segundo a pesquisa feita pelo Datafolha, 17% dos cidadãos já utilizaram os equipamentos. Entre os usuários, mais da metade considerou esse serviço ótimo ou bom.

O secretário da Saúde, Alexandre Padilha, também citou a diminuição da espera por consulta com especialista, que caiu de 211 para 159 dias. "Isso num cenário que outros governo não tiveram, que é a redução do número de usuários de planos de saúde."

Segundo a associação de planos de saúde, de um ano para cá mais de 1,5 milhão de pessoas no país deixaram a saúde suplementar –virando potenciais usuários do SUS.

Questionado se a espera não permanece grande, Haddad disse que "também existem problemas em Londres e Estocolmo. Nosso governo, com condições econômicas muito adversas, melhorou todos os indicadores". Se caiu a espera por consulta com especialistas, porém, aumentou a demora por consultas em especialidades cirúrgicas (de 256 para 287 dias).


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