Folha de S. Paulo


Luiza Brunet foi rápida ao tratar de agressões, dizem especialistas

A atriz e ex-modelo Luiza Brunet, 54, tornou pública dias atrás a agressão que diz ter sofrido no final de maio do ex-companheiro, o empresário Lírio Albino Parisotto, 62. Ele nega as acusações e afirma ter sido agredido por ela em 2015.

Em nota, Luiza disse ter sentido vergonha e medo de denunciar. Mas, para profissionais que atuam no enfrentamento à violência doméstica, o tempo que a atriz levou para prestar queixa formal ao Ministério Público, de um mês, foi extremamente curto.

"Não noticiar no mesmo dia é um fato absolutamente comum. É muito difícil para uma mulher vítima de violência romper o silêncio", disse à Folha a promotora Valéria Scarance.

Para ela, autora de um livro sobre a Lei Maria da Penha, medo e vergonha são as palavras mais usadas pelas vítimas. "Medo de uma represália, de uma nova violência, de uma alteração na sua própria vida e vergonha porque nem mesmo ela consegue compreender por que está nesse contexto", afirma.

Luiza Brunet
Agressão teria ocorrido em NY (EUA)

Segundo levantamento das denúncias feitas pela central 180 em 2014, 37% das queixas são de mulheres que estavam em relacionamento acima de dez anos de duração. Isso, para a promotora, mostra que mulheres toleram agressões por muito tempo até decidirem interromper o ciclo de violência. Só 11% das denúncias ao 180 se referem a relacionamento de até um ano.

O agressor pode pegar até três anos de cadeia, pena que pode aumentar dependendo da gravidade da lesão. A vítima tem até oito anos para fazer a denúncia, que é o tempo da prescrição do crime.

Para Marisa Sanematsu, diretora de conteúdo do Instituto Patrícia Galvão, o argumento dos agressores de que foi a vítima quem começou a briga também inibe as mulheres para denunciá-los.

"Por causa desse julgamento de que ela começou e que o homem só se defendeu, a própria vítima deixa de denunciar, porque reconhece que também bateu", afirma.


Endereço da página:

Links no texto: