Folha de S. Paulo


Grupo rouba empresa de valores e mata policial em Ribeirão Preto

No vídeo é possível ouvir os disparos feitos pelo grupo durante roubo a empresa de valores

Um policial rodoviário foi morto após um ataque cinematográfico a uma empresa de transporte de valores em Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo) na madrugada desta terça-feira (5).

Com cerca de 20 homens, a quadrilha utilizou caminhões e até uma retroescavadeira para bloquear ruas no entorno da empresa Prosegur, no bairro Campos Elíseos, a apenas dois quilômetros do quartel da Polícia Militar na cidade. O grupo detonou explosivos e trocou tiros com a polícia por cerca de uma hora. Há marcas de tiros de metralhadoras calibre 50 –usadas em baterias antiaéreas– e fuzis em imóveis das redondezas.

O ataque ocorreu por volta das 4h e deixou a região da empresa no escuro, após os criminosos atirarem em cinco transformadores de energia elétrica. Ao menos 2.000 imóveis ficaram sem energia.

Às 7h40, 95% das unidades atingidas tiveram o serviço normalizado devido a manobra na rede, que garantiu o fornecimento de energia aos clientes por outras fontes. O acesso ao local está interditado pelas autoridades policiais, o que impede as equipes da CPFL de fazerem os reparos no local neste momento.

Alfredo Risk
Bandidos explodem empresa de valores em Ribeirão Preto
Bandidos explodem empresa de valores em Ribeirão Preto

Foram ouvidas ao menos três explosões no local e, na fuga, atearam fogo em veículos para dificultar a ação policial. Após a ação, a quadrilha fugiu rumo à rodovia Anhanguera. No anel viário da cidade, policiais rodoviários estavam posicionados para tentar interceptar os criminosos e foram atacados pela quadrilha.

Segundo relatos feitos à Folha, os policiais se deitaram para não serem atingidos e o cabo Tarcisio Wilker Gomes, ao tentar se levantar para pegar o rádio do veículo e pedir apoio, foi atingido com um tiro na cabeça.

Ele foi socorrido ao HC (Hospital das Clínicas) de Ribeirão, mas morreu. Casado e pai de uma criança de oito anos, Gomes estava no policiamento rodoviário havia 13 anos. A avenida da Saudade, onde fica a empresa, só foi liberada para o tráfego por volta das 8h desta terça.

PÂNICO

O clima nos bairros próximos ao ataque foi de pânico, e moradores relataram tiros de forma ininterrupta por mais de três minutos. "Era uma guerra, mas ao vivo. Nunca imaginei passar por isso", disse o aposentado José Carlos de Castro.

Segundo vizinhos, os assaltantes estavam encapuzados e, na fuga, além de matarem o policial acertaram um tiro de raspão num motorista e atearam fogo em veículos.

Em um dos casos, um suposto morador de rua, Ubiratan Soares Berto, 38, sofreu queimaduras e está internado em estado grave na unidade de emergência do HC.

"Só vai amenizar isso se melhorar o armamento dos vigias. Não dá para combater arma que derruba helicóptero com revólver 38", disse João Batista Marcon de Castro, diretor regional do Sindforte (sindicato dos vigilantes).

O cenário da avenida pós-ataque nesta terça era devastador. Além da destruição no prédio da Prosegur, estabelecimentos comerciais num raio de 100 m sofreram abalos em sua estrutura ou tiveram portas ou vidros quebrados.

Após encerrada a ação, muitos curiosos foram ao local, alguns para recolher cápsulas deflagradas para guardar como "souvenir".

A Prosegur apenas informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que nenhum de seus funcionários foi ferido e que está colaborando com as investigações. A quantia levada não foi informada.

Roubo em Ribeirão Preto


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