Folha de S. Paulo


Luiza Brunet acusa ex-companheiro de agressão em Nova York

A atriz e ex-modelo Luiza Brunet, 54, afirmou ter sido agredida em Nova York pelo ex-companheiro Lírio Albino Parisotto, 62, com quem estava junto havia cinco anos. Após a atriz prestar queixa no Ministério Público de São Paulo, a Justiça decretou medidas de proteção.

Parisotto está impedido de se aproximar de Luiza e de manter contato com ela por qualquer meio, segundo a assessoria do MP-SP.

De acordo com o relato da atriz ao jornal "O Globo", o caso aconteceu no dia 21 de maio, em um apartamento em que estavam, quando Parisotto deu um soco no olho da atriz, além de chutes. Depois, ele a derrubou do sofá e a imobilizou até quebrar quatro costelas dela.

Luiza Brunet
Agressão teria ocorrido em NY (EUA)

Procurada pela Folha, a assessoria de imprensa de Luiza Brunet confirmou as acusações da atriz e disse que ela não quer se manifestar novamente.

Segundo o relato da própria atriz, para conseguir escapar, ela ameaçou gritar pelo concierge. Luiza, então, se trancou no quarto até garantir que o companheiro não estava mais no local. Ficou lá até o dia seguinte, foi direto para o aeroporto e voltou ao Brasil.

No dia 25 de maio, Luiza publicou uma foto em seu Instagram com a legenda: "A maquiagem forte esconde o hematoma da alma". Duas semanas depois ela postou uma nova foto, desta vez o de uma mulher com hematomas no rosto, com a legenda: "Esta é a clássica foto sofrida por muitas mulheres no Brasil. Não tenha medo de fazer denúncia 180", em referência ao telefone do serviço de atendimento à mulher do governo federal.

Luiza apresentou queixa ao Grupo de Atuação Especial de Enfrentamento à Violência Doméstica (GEVID), do MP-SP. O Promotor de Justiça Carlos Bruno Gaya da Costa requisitou a realização de exames de corpo de delito e instaurou uma investigação criminal, segundo a assessoria do MP-SP. O caso corre em sigilo.

Por meio de nota, Parisotto afirmou que a versão divulgada era "distorcida".

"Neste momento, venho a público lamentar que versões distorcidas sobre um episódio ocorrido na intimidade estejam sendo divulgadas como única expressão da verdade. Embora compreenda a natural repercussão do caso pelas pessoas envolvidas, tenho a convicção de que no momento e nas esferas legais apropriadas todas as circunstâncias serão plenamente esclarecidas", disse.

Em sua conta no Instagram, ele diz:

"Nunca na vida agredi homem, muito menos mulher que respeito muito, quem me conhece sabe. Isto não me tira o direito de me defender de tentativas de agressão através de tapas, chutes, mordidas, unhadas etc. Tento me defender através da imobilização. Se o caso for para a justiça será lá que será esclarecida a verdade. Muita paz as pessoas do Bem. Por fim este é um canal de comunicação com pessoas de que aceitei me seguirem. Agradeço a compreensão. É a vida segue"

DISCUSSÃO

Ainda segundo "O Globo", a discussão começou em um restaurante no qual os dois estavam com amigos. Parisotto teria se exaltado quando questionado se iria a uma exposição de fotos e disse que não, porque da última vez foi confundido com o ex-marido de Luiza.

A atriz afirmou que "é doloroso aos 54 ter que se expor dessa maneira" e disse ter criado coragem por causa da situação das mulheres no Brasil.

Luiza Brunet está no ar em "Velho Chico", novela das 21h da Globo, como Madá.

Karime Xavier/Folhapress
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O bilionário gaúcho Lirio Parisotto

DIREITO

O advogado George Niaradi, presidente da Comissão de Relações Internacionais da OAB-SP, afirma que a atriz deveria ter procurado as autoridades nos EUA para denunciar o fato, ocorrido em território americano.

"No direito penal, existe um principio que é a territorialidade. Se ela fizesse a denúncia nos EUA, o agressor seria detido e não poderia voltar ao Brasil", diz.

O advogado afirma ainda que o fato não poderia ser julgado de forma isolada no Brasil. "O caso específico não pode ser investigado pela legislação brasileira, mas serve como uma evidência em uma investigação", aponta.

Já o advogado Thiago Bottino, professor de Direito Penal da FGV Rio, discorda. Ele diz que a regra é processar o crime no local onde ele ocorre, mas o Código Penal brasileiro prevê a possibilidade de investigar aqui um ato cometido fora do país.

"Há algumas condições: o crime tem que ter sido praticado por brasileiro, e a pessoa precisa ter voltado para o Brasil. O ato também precisa ser crime no outro país, entre outras questões", afirma.

Segundo Bottino, a pena pode chegar até três anos de prisão. Caso seja comprovada lesão grave, a pena pode aumentar, ultrapassando seis anos de detenção.


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