Folha de S. Paulo


Rivais do Uber, empresas da Índia e da Espanha estreiam com tropeços

Foram quase 30 minutos até que o carro acionado por meio de um aplicativo que conecta motoristas particulares a passageiros chegasse ao endereço esperado. Numa outra chamada, a tela do smartphone dizia que o pagamento da viagem anterior não havia sido feito e, por isso, uma nova não seria autorizada.

Esses são dois exemplos de problemas identificados pela Folha em companhias concorrentes do Uber, que iniciaram suas operações na capital há cerca de um mês.

A reportagem usou os serviços dos aplicativos Cabify (da Espanha) e WillGo (indiano) na última semana e constatou alguns tropeços no meio do caminho.

As novas empresas chegam no meio da polêmica sobre a regulamentação do serviço na cidade, por meio de decreto do prefeito Fernando Haddad (PT), em maio passado. Desde o fim de 2014 no mercado, o Uber foi alvo exclusivo da ira dos taxistas até então —donos de táxi dizem que a empresa faz concorrência desleal.

O Cabify apresenta um modelo semelhante ao do Uber —prevê o monitoramento do caminho do motorista durante a espera e um relatório completo da viagem feita, com valores, distâncias e duração do percurso.

No entanto, a reportagem teve dificuldades para cadastrar o cartão de crédito como forma de pagamento. A opção pelo PayPal (empresa que faz a intermediação de pagamentos pela internet) confunde o passageiro.

Os recibos à Folha, por exemplo, vieram em moeda mexicana. Segundo a Cabify, é possível escolher a moeda, mas no momento do cadastro isso não fica claro. A empresa diz ainda que tem um controle rígido contra fraudes e que a recusa no cartão pode ter sido por causa de incorreção ou dúvida nas informações fornecidas.

A oferta de motoristas permite esperas que variaram de 5 a 12 minutos -tempo maior que o do rival. Porém, permitiu preços mais baixos nas viagens feitas pela Folha em trajetos idênticos.

POUCOS MOTORISTAS

Já o WillGo atua de maneira limitada. O aplicativo só funciona em celulares com o sistema Android —quem usa iPhone, por exemplo, não consegue baixar o serviço. A reportagem esperou 24 minutos até que o carro chegasse ao endereço combinado. Além disso, o preço foi o mais alto entre os três apps.

Num trajeto entre o bairro Campos Elíseos e o mesmo ponto da av. Paulista, o Cabify cobrou R$ 10,30, o Uber R$ 14,70 e o WillGo R$ 31,40. Além disso, uma segunda viagem do WillGo não foi autorizada. A informação é de que havia "pagamentos pendentes", sendo que a cobrança é diretamente no cartão.

A empresa reconhece que tem menos motoristas, mas diz oferecer um serviço diferencial de agendamento de chamadas. Diz ainda que reduzirá o tempo de espera num prazo de cinco meses. Em comum, as empresas têm como atrativos carros confortáveis com ar-condicionado e motoristas atenciosos, que oferecem água e balas.

O Uber também passou a ser alvo de críticas de motoristas, que exigem melhorias na remuneração.

Há dois meses, foi iniciado o modelo compartilhado (Uber Pool), no qual viagens podem ser divididas por passageiros que partem de pontos diferentes. Os concorrentes não têm essa opção. O Uber diz que "busca ampliar oportunidades econômicas para motoristas parceiros".

JORNADA DUPLA

Motoristas do Uber ouvidos pela Folha já estão se cadastrando em concorrentes. É o caso do gerente de TI Paulo Barão, 43, que há oito meses complementa sua renda com o Uber. Há três semanas ele também busca passageiros pelo Cabify. "Me organizo para colocar um dos aplicativos no modo off-line assim que o outro me aciona. Vem dando certo", disse.

Para cativar os clientes, Barão oferece até internet grátis em seu Peugeot 408. O Cabify é o mais rigoroso na escolha dos profissionais. Após entrevistas pessoais com os candidatos, a empresa exige a urina do motorista para exame toxicológico.

Como funcionao Uber


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