A administração Fernando Haddad (PT) instalou ao longo de 2016, em média, mais de um radar de fiscalização do trânsito a cada dois dias. No total, foram 103 novos aparelhos na cidade de São Paulo até 15 de junho, contra 48 no ano passado inteiro.
Em dezembro, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) tinha 854 equipamentos para fiscalização de infrações –número que chegou agora a 957. Em 2015, a cidade bateu recorde de multas aplicadas: 13,3 milhões.
A participação dos radares no total de multas tem aumentado ano a ano. Em 2014, 66,5% das infrações haviam sido flagradas pela fiscalização eletrônica. No ano passado, esse número subiu para 71,9%. O restante é aplicado por fiscais da CET e por policiais militares. Entre janeiro e fevereiro deste ano, esse índice chegou a 81,2%.
O número total de multas também cresceu: nos dois primeiros meses de 2016, foram aplicadas 2.529.807 multas. No mesmo período de 2014, foram 1.467.320 autuações.
Além do maior número de radares, a alta das multas foi influenciada por medidas como a redução dos limites de velocidade, incluindo as marginais Tietê e Pinheiros.
O prefeito Haddad, o secretário dos Transportes, Jilmar Tatto, o ex-secretário de Finanças Marcos Cruz e o atual, Rogério Oliveira, estão sendo investigados pelo Ministério Público sob suspeita de improbidade administrativa.
Em ação acatada pela Justiça em maio, a Promotoria diz que eles criaram uma "indústria das multas" para aumentar a arrecadação do município. Isso foi feito, na avaliação do Ministério Público, "elevando consideravelmente o número de equipamentos de registro eletrônico de autuações na cidade e situando-os em locais inapropriados". O processo está tramitando em segredo na Justiça.
A legislação prevê que os recursos arrecadados com as multas sejam utilizados em itens como sinalização, engenharia de campo, fiscalização e educação de trânsito. A aplicação da verba pela gestão Haddad, porém, enfrenta questionamentos. Por exemplo, devido ao uso em obras de corredores de ônibus e para custear a CET.
Em janeiro, uma liminar que proibia a prefeitura de usar a verba para bancar a companhia de tráfego foi concedida, mas a medida acabou suspensa em fevereiro. A CET afirma que a quantidade de infrações cresceu porque há mais fiscalização. "O aumento do número de multas ocorre porque houve aumento na fiscalização do trânsito e de desrespeito dos condutores às leis de trânsito."
O contrato de operação de radares, de 2013, diz a CET, previa inicialmente 839 aparelhos, com valor de R$ 531,7 milhões e prazo de 60 meses.