Folha de S. Paulo


Ex-presidente da Samarco sabia de problemas em barragem, diz relatório

O ex-presidente da Samarco Ricardo Vescovi sabia da existência de problemas na barragem de Fundão, em Mariana (MG), antes de a estrutura se romper, aponta relatório da Polícia Federal com base em troca de mensagens entre o executivo e a cúpula da empresa.

O material foi apreendido pela PF na sede da mineradora e foi usado como prova para indiciar Vescovi sob suspeita de crime ambiental. Outras sete pessoas, além da própria Samarco, a Vale e a consultoria VogBR, também foram indiciadas.

Em um diálogo de agosto de 2014, um dos diretores da empresa, Kleber Terra, informa Vescovi sobre "trincas no maciço onde desviamos o eixo". O ex-presidente da Samarco responde: "O quê??? Ai, ai, ai. Fica esperto". A conversa foi divulgada pelo jornal "O Estado de S. Paulo".

Vescovi pergunta ainda que tipo de trinca era. "Só no maciço ou conecta com o interior da barragem?". Terra responde que era só no maciço (parede externa da barragem) e que tudo estava controlado.

Em outra conversa, de 2011, Vescovi combina um jeito de mostrar que os problemas da barragem não pioraram e que a empresa estava apenas sendo mais "crítica na avaliação da severidade" desses problemas.

O advogado do ex-presidente da Samarco, Paulo Freitas Ribeiro, afirmou a "O Estado de S. Paulo" que Vescovi "jamais recebeu qualquer aviso ou alerta sobre eventual comprometimento da segurança da barragem de Fundão e tampouco tentou esconder informação de qualquer sorte".

"Pelo contrário, as informações que recebeu sobre incidentes naturais de operação indicavam que a barragem se encontrava rigorosamente dentro dos padrões de segurança, conclusão alçada por diversos especialistas", afirma o advogado à publicação. Ele ainda classificou o relatório da PF como "provisório" e de "entendimento unilateral".

O Caminho da Lama


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