Folha de S. Paulo


Traficantes invadem hospital no Rio, resgatam preso e deixam um morto

Roberto Moreyra/Extra/Agência O Globo
Rio de Janeiro (RJ) 19/06/2016 - Insegurança - Marginais fortemente armados invadem o Hospital Souza Aguiar e resgantam o traficante Nicolas Labre Pereira de Jesus, vulgo Fat Family. Foto: Roberto Moreyra / EXTRA / Ag. O Globo ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Marginais armados invadem o Hospital Souza Aguiar e resgatam o traficante Nicolas Labre Pereira de Jesus, vulgo Fat Family

Um grupo de ao menos 15 traficantes invadiu o hospital municipal Souza Aguiar, no centro do Rio, para resgatar um preso na madrugada deste domingo (19). Houve tiroteio com policiais, e um paciente foi morto. Um técnico de enfermagem e um policial também foram baleados.

A vítima não tinha ligação com o caso: era Ronaldo Luiz Marriel de Souza, 35, inspetor de segurança da rede ferroviária. Ele estava no hospital para tratar um ferimento na mão. Segundo amigos, deixa um filho e a namorada grávida de quatro meses.

A cúpula da Segurança no Rio já sabia do plano dos bandidos desde a última quinta (16), mas não conseguiu evitar a invasão. O Souza Aguiar tem a maior emergência do Estado e é um dos hospitais de referência para a Olimpíada, que começa em 46 dias.

A ação do bando resultou na fuga do preso Nicolas Labre Pereira de Jesus, conhecido como Fat Family. Ele é suspeito de atuar no tráfico de drogas no morro Santo Amaro, no Catete (zona sul). Estava internado sob custódia desde o dia 13, quando foi baleado pela polícia.

O fugitivo é irmão do traficante Marcos Antonio Firmino da Silva, o "My Thor", identificado como um dos chefes do tráfico no Rio.

Editoria de Arte/Folhapress
Não sei se precisa nesse caso, mas a arte é do Eduardo Asta e descreve a ação que libertou hoje, no Rio, o traficante Nicolas Labre Pereira de Jesus, conhecido como Fat Family
Mapa mostra região onde ocorreu ação que libertou hoje, no Rio, o traficante Nicolas Labre Pereira de Jesus, conhecido como Fat Family

Os bandidos invadiram o hospital por volta das 3h de domingo, armados de fuzis, pistolas e granadas. Eles chegaram em quatro motos e cinco carros, segundo a PM.

No pátio externo, os traficantes renderam e fizeram refém um ambulante. Depois renderam uma funcionária e a obrigaram a mostrar onde estava o preso.

Eles subiram até o sexto andar e cortaram a algema do suspeito com um alicate, que foi abandonado no local. Na fuga, roubaram um carro que estava no estacionamento.

O paciente morto no tiroteio aguardava atendimento no Souza Aguiar. Ele fazia bico como segurança em uma boate da Lapa, na região central, e havia sido atingido na mão com uma garrafada.

Também foram baleados o policial Fábio Ferreira da Silva e o técnico de enfermagem Júlio César dos Santos Basílio, cujas idades não foram divulgadas. Basílio continuava internado em estado grave na noite de domingo (19).

Divulgação/PM
Tiroteio no hospital Souza Aguiar - o fugitivo
O criminoso resgatado Nicolas Labre Pereira de Jesus, conhecido como Fat Family

A Secretaria de Segurança confirmou que sabia do plano de invasão, detectado em escutas telefônicas na semana passada. A PM informou que a custódia do preso estaria reforçada por quatro policiais.

O coronel Luiz Henrique Marinho Pires, subchefe de Estado Maior da PM, alegou que não era possível remover o suspeito do hospital.

"Nos foi informado que ele estava em estado grave e seria operado, não podendo ser removido. Não temos condições de a cada informe colocar 30, 40 policiais para resolver", afirmou ele.

O oficial disse que "não é a policia que toma conta dos hospitais". "Os hospitais municipais e estaduais não têm condição de receber esses elementos feridos. É um problema que precisa ser resolvido. Todos somos responsáveis."

Depois da fuga, o hospital passou por uma varredura e o local onde estava o criminoso foi isolado. A Polícia Civil analisa imagens das câmeras de segurança para tentar identificar os criminosos, embora parte deles estivesse com toucas cobrindo o rosto.

O prefeito do Rio, Eduardo Paes, classificou a ação dos bandidos de "assustadora e inaceitável". "Temos a obrigação de atender todos os pacientes, sejam eles criminosos ou não. Mas tem limite. Você precisa das forças de segurança ali, um local sem problema de desigualdade social. O que falta é polícia."

Em nota, o governador em exercício Francisco Dornelles disse que "solicitou rigor nas investigações para apurar as responsabilidades" pelo caso. O Souza Aguiar fica a cerca de 500 metros da sede da Secretaria de Segurança do Rio. O hospital será referência para as competições olímpicas no Maracanã.


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