Folha de S. Paulo


Polícia apura 3º caso de estupro coletivo no Piauí em menos de um mês

Uma mulher de 21 anos foi estuprada por quatro homens dentro de um carro na cidade de Sigefredo Pacheco, região norte do Piauí (165 km de Teresina).

A vítima estava desacordada quando foi violentada por quatro homens, que ainda não tiveram as identidades reveladas. Até agora, nenhum dos acusados do crime foi preso. Este é o terceiro caso de estupro coletivo ocorrido no Estado em menos de um mês.

A jovem foi estuprada há cerca de dez dias e, envergonhada, disse que não denunciou o crime à polícia. O caso chegou às autoridades policiais somente nesta segunda-feira (14), depois que um vídeo e fotos começaram a circular em grupos de WhatsApp na cidade durante o fim de semana.

Nas imagens, a vítima aparece desacordada no banco traseiro de um carro e quatro homens tocam em suas partes íntimas. Rindo, um dos deles diz "bilu, bilu, bilu" enquanto acaricia a vagina da vítima.

No vídeo, outro rapaz ironiza a punição para o crime e afirma "amanhã todo mundo preso em Sigefredo Pacheco".

Segundo o delegado regional Laércio Evangelista, a vítima procurou a polícia nesta segunda-feira e contou que conhecia os rapazes, mas não lembra como foi parar dentro do carro.

A suspeita é que ela tenha sido dopada com algum entorpecente sem saber. O delegado informou que a polícia está trabalhando na identificação dos envolvidos.

A mulher foi encaminhada para Teresina para receber atendimento no Sanvis (Serviço de Atendimento à Mulher Vítima de Violência), na Maternidade Evangelina Rosa.

Nesta terça-feira, ela compareceu ao Instituto Natan Portela para tomar um coquetel anti-aids e outras doenças sexualmente transmissíveis. Está agendado para a tarde de hoje o depoimento da vítima no Núcleo Policial Investigativo de Feminicídio do Piauí.

TERCEIRO CASO EM MENOS DE UM MÊS

No dia 7 de junho, uma garota de 14 anos foi estuprada por quatro homens dentro de um banheiro de uma quadra de esportes na cidade de Pajeú do Piauí, região sul do Estado.

No dia 20 de maio, uma garota de 17 anos foi encontrada desacordada dentro de uma construção abandonada na cidade de Bom Jesus, região sul do Estado. A vítima estava com a calcinha amarrada à boca. Cinco pessoas são suspeitas do crime.

CASO CHOCOU O PAÍS

Outro caso emblemático foi registrado no dia 27 de maio de 2015, na cidade de Castelo do Piauí, região norte do Estado. Quatro adolescentes com idades entre 14 e 17 anos foram atacadas quando estavam subindo o Morro do Garroto, ponto turístico da cidade, para tirar fotos.

Segundo a polícia, elas foram dominadas, estupradas, arrastadas e jogadas de cima de um penhasco da altura de um prédio de três andares. Caídas, ainda foram apedrejadas. Uma delas morreu.

Quatro adolescentes, com idades entre 13 e 17 anos, e um adulto, Adão de Sousa Silva, 41, foram apontados como autores do crime. Eles negam. Os adolescentes foram julgados e condenados a 24 anos de reclusão em regime fechado para cumprimento de medidas socioeducativas. Um deles, o de 17 anos, foi assassinado dentro do alojamento logo depois de receber a condenação.

No último dia 3, o Tribunal de Justiça do Piauí julgou o pedido de apelação da defesa dos menores, que alegou inocência do grupo no crime. A condenação foi mantida –os menores ficarão no máximo três anos em regime de internato, conforme determina o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). Caso a Justiça avalie que eles não foram ressocializados durante esse período, eles podem ficar internados até atingirem a idade de 21 anos.

Preso há um ano na Penitenciária de Altos, Adão José de Sousa Silva ainda não foi julgado. O Ministério Público pediu a pena máxima de 151 anos e dez meses de prisão em regime fechado. Ele nega o crime, mas exames de DNA apontaram que há presença de sêmen de Silva nas amostras colhidas nos corpos das vítimas.

Thiago Amaral/Cidade Verde
Cortejo fúnebre da estudante Danielly Feitosa, 17, que foi morta em Castelo do Piauí
Cortejo fúnebre da estudante Danielly Feitosa, 17, que foi morta em Castelo do Piauí

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