Folha de S. Paulo


A orientação é não deixar 'favelizar' praças públicas, diz Haddad

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), afirmou nesta terça-feira (14) que "há uma proibição expressa de recolher" pertences pessoais de moradores de rua, mas que há uma orientação de "não deixar favelizar praças públicas".

Nos últimos dias, ao menos quatro moradores de rua morreram durante a onda de frio que atinge São Paulo. A população de rua reclama que agentes da GCM (Guarda Civil Metropolitana) retiram os colchões e papelões usados como proteção contra o frio. A informação foi publicada no jornal "O Estado de S. Paulo".

"E o que é favelizar: é aquilo que acontecia no Largo São Francisco. Aquilo que acontecia na região da Luz. Na Praça da Sé. Nós fizemos a desfavelização em sete praças públicas da cidade de São Paulo. Sem nenhum higienismo. Todo mundo que estava na praça foi acolhido pelos equipamentos da Prefeitura", disse o prefeito.

Haddad afirmou que abriu 2.000 novas vagas em abrigos em São Paulo, e que há leitos ociosos. "Não montando habitação, com sofás, com armários, a ordem é conduzir para o abrigo."

"Uma parte da população em situação de rua tem resistência a ir para os abrigos, mesmo com as abordagens diárias da assistência social. Aqui na Cidade Tiradentes, essa semana, nós abordamos 70 moradores em situação de rua, e só 40 aceitaram ir para os abrigos. 30 permaneceram nas ruas."

Conforme a Folha mostrou nesta terça, porém, a qualidade dos albergues é criticada pelos usuários, que muitas vezes preferem encarar madrugadas geladas ao relento em vez do abrigo público.

Os moradores de rua reclamam de falta de vagas para famílias (são 590), falta de higiene nos abrigos e de lugar para deixar suas carroças e animais de estimação.

POR QUE A PROCURA É BAIXA - Apenas metade dos moradores de rua procura abrigos em São Paulo

No último censo dessa população, de 2015, a cidade tinha 15.905 moradores de rua, sendo 8.570 abrigados (54%). O percentual de acolhimento é quase igual ao do censo de 2011, penúltimo ano da gestão Gilberto Kassab (PSD) –na época, a população de rua era de 14.478, dos quais 7.713 abrigados.

A quantidade de pessoas não acolhidas nesse mesmo período passou de 6.765 para 7.335, um aumento de 8%. Segundo a prefeitura, as vagas fixas para pernoite são de 10 mil, além de 1.400 emergenciais criadas devido ao frio. No último domingo, a lotação chegou a 10.734.

FALHAS NO ACOLHIMENTO - Apenas metade dos moradores de rua procura abrigos em São Paulo


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