Folha de S. Paulo


Perícia identifica 4 vozes em vídeo que mostra estupro de adolescente no Rio

Peritos da Polícia Civil do Rio concluíram análise sobre o primeiro vídeo que deu origem à investigação de estupro de uma adolescente de 16 anos, em uma favela da zona oeste do Rio.

Na perícia, os agentes identificaram que há quatro vozes no vídeo em que aparece a jovem desacordada e nua em uma cama no morro da Barão.

O documento não esclarece de quem seriam as vozes que dão risadas e fazem comentários sobre o estado da adolescente. Os investigadores já identificaram que uma das vozes é de Raí de Souza, 22, dono do telefone celular e, atualmente, preso no sistema penitenciário do Rio, suspeito de ter praticado o estupro.

As outras vozes seriam de Raphael Duarte Belo, 41, também preso, que fez uma selfie junto ao corpo da jovem, e de um outro homem, ainda procurado pela polícia e identificado apenas como Jefinho. A polícia tenta saber de quem seria a quarta voz que estava na casa no momento do vídeo.

INVESTIGAÇÃO

Inicialmente, a polícia chegou a acreditar que havia apenas três pessoas no momento que eram feitas as imagens.

Há suspeita de que a voz seja de Moisés de Lucena, o Canário, apontado como responsável por levar a adolescente para outra casa em um ponto diferente no morro da Barão. Há mandado de prisão contra Canário, que está foragido.

A polícia ainda procura por cinco pessoas suspeitas de terem participado do estupro da adolescente. De acordo com as investigações, a jovem foi estuprada em dois momentos entre os dias 21 e 22 de maio.

Via-crúcis depois do estupro

-

CRONOLOGIA DO CASO

21.mai.2016 - A adolescente é estuprada de madrugada no complexo de favelas São José Operário, zona oeste do Rio, após ir a um baile funk

24.mai.2016 - A vítima fica sabendo que um vídeo seu circula na internet e volta ao morro para falar com o chefe do tráfico e tentar reaver seu celular, que havia sido roubado

25.mai.2016 - A família da menina é avisada por um vizinho sobre a gravação. No vídeo, em meio a risadas, um grupo de homens toca nas partes íntimas da garota e diz que ela foi violentada por "mais de 30". Em 2009, a lei 12.015 foi alterada e passou a considerar como estupro, além da conjunção carnal, atos libidinosos

26.mai.2016 - A jovem presta o primeiro depoimento à polícia, é medicada em um hospital e faz exames no IML (Instituto Médico Legal)

27.mai.2016 - Ela presta mais dois depoimentos à polícia, assim como dois dos suspeitos de participar do crime; a polícia localiza a casa em que o estupro aconteceu

28.mai.2016 - A então advogada da vítima, Eloísa Samy, pede à Promotoria do Rio o afastamento do delegado Alessandro Thiers. Segundo Samy, Thiers estava tratando o caso com "machismo e a misoginia"

29.mai.2016 - Pressionada, a Polícia Civil do Rio passa o comando das investigações à delegada Cristiana Bento, da DCAV (Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima); a pedido da família, a Defensoria Pública passa a defender a menina

30.mai.2016 - Polícia Civil realiza operação para prender seis suspeitos de participar do crime; Rai de Souza, 22, e Lucas Perdomo, 20, são detidos

31.mai.2016
A vítima e sua família entram no programa federal de proteção à testemunha, o que significa que a menina pode ganhar uma nova identidade e deixar o Rio

1º.jun.2016
Um terceiro suspeito se apresenta à polícia. Raphael Duarte Belo, 41, aparece no vídeo fazendo uma selfie ao lado do corpo da jovem

2.jun.2016
Polícia Civil do Rio pede a prisão de mais dois homens: Moisés de Lucena, que foi acusado pela vítima de tê-la segurado, e um homem identificado como Jeferson. Com isso, passam a ser oito os suspeitos de envolvimento no crime.

3.jun.2016
Lucas Perdomo é solto pela Justiça. Delegada afirmou não ter provas suficientes para mantê-lo preso

5.jun.2016
Polícia Civil diz que há segundo vídeo que prova estupro da adolescente; ela aparece reagindo e rejeitando contato sexual, disse a delegada do caso

7.jun.2016
Perícia conclui que há quatro vozes no primeiro vídeo sobre o estupro


Endereço da página:

Links no texto: