Folha de S. Paulo


Mulheres fazem protesto em São Paulo contra estupro e violência de gênero

Em repúdio ao caso de estupro coletivo de uma menor no Rio, um grupo formado majoritariamente por mulheres e coletivos feministas realiza protesto em São Paulo na noite desta quarta-feira (1º).

O ato, que teve início no vão livre do Masp, na avenida Paulista, protesta contra a violência de gênero. As manifestantes exibem cartazes com dizeres como "estupro nunca mais" e "ser mulher sem temer".

Na descrição do evento criado no Facebook para convocar a manifestação, as mulheres escreveram que "devemos nos juntar e não deixar que esses 30 homens andem impunes e como se nada tivesse acontecido. Queremos eles na prisão".

A frase é uma referência ao vídeo que circulou da menor estuprada, em que um grupo de homens, em meio a risadas, toca nas partes íntimas da garota e diz que ela foi violentada por "mais de 30".

As mulheres seguiram em passeata pela rua Augusta em direção à praça Roosevelt, bloqueando temporariamente o trânsito na rua, no sentido centro. O ato será encerrado na praça. A Polícia Militar não informou a estimativa de manifestantes.

Ainda nesta quarta foram realizados protestos semelhantes em Belo Horizonte, Porto Alegre, Brasília, Rio de Janeiro, Bauru (SP), Limeira (SP), Bertioga (SP) e Maringá (PR).

ESTUPROS NO BRASIL - Apenas 35% dos casos são notificados, segundo pesquisas internacionais

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CRONOLOGIA DO CASO

21.mai.2016 - A adolescente é estuprada de madrugada no complexo de favelas São José Operário, zona oeste do Rio, após ir a um baile funk

24.mai.2016 - A vítima fica sabendo que um vídeo seu circula na internet e volta ao morro para falar com o chefe do tráfico e tentar reaver seu celular, que havia sido roubado

25.mai.2016 - A família da menina é avisada por um vizinho sobre a gravação, em que um grupo de homens, em meio a risadas, toca nas partes íntimas da garota e diz que ela foi violentada por "mais de 30". Em 2009, a lei 12.015 foi alterada e passou a considerar como estupro, além da conjunção carnal, atos libidinosos

26.mai.2016 - A jovem presta o primeiro depoimento à polícia, é medicada em um hospital e faz exames no IML (Instituto Médico Legal)

27.mai.2016 - Ela presta mais dois depoimentos à polícia, assim como dois dos suspeitos de participar do crime; a polícia localiza a casa em que o estupro aconteceu

28.mai.2016 - A então advogada da vítima, Eloísa Samy, pede à Promotoria do Rio o afastamento do delegado Alessandro Thiers. Segundo Samy, Thiers estava tratando o caso com "machismo e a misoginia"

29.mai.2016 - Pressionada, a Polícia Civil do Rio passa o comando das investigações à delegada Cristiana Bento, da DCAV (Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima); a pedido da família, a Defensoria Pública passa a defender a menina, que entra em programa de proteção do Estado

30.mai.2016 - Polícia Civil realiza operação para prender seis suspeitos de participar do crime; quatro continuam foragidos


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