Folha de S. Paulo


Rebeliões deixam ao menos 14 mortos em presídios do Ceará

Ao menos 14 detentos foram mortos em rebeliões ocorridas em cinco presídios do Ceará sábado (21) e domingo (22). A informação é do governo local.

Dentre os 14 mortos, há detentos que respondiam por crimes como latrocínio, tráfico, furto, roubo e homicídio. Seis corpos não haviam sido identificados até a tarde desta segunda (23) e aguardam exames da Polícia Forense.

Alan Marques - 2.mar.2016/Folhapress
O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), durante entrevista em Brasília
O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), durante entrevista em Brasília

Agentes encontraram um túnel em um presídio, mas não há registros de fugas em nenhuma das unidade. De acordo com a Secretaria de Estado de Justiça e Cidadania, equipes do governo avaliam os danos causados às estruturas dos presídios. Não houve interrupção no fornecimento de água nem de comida, e assistentes sociais dão apoio a familiares na entrada dos complexos penitenciários, segundo a pasta.

Na manhã de sábado, agentes penitenciários entraram em greve em todo o Estado, reivindicando aumento de salários. No mesmo dia, porém, a categoria anunciou o fim da paralisação, após contraproposta do governo de reajuste da gratificação por atividades especiais e de risco.

O governo afirma que, sabendo da greve, montou uma operação especial para que as visitas de familiares fossem mantidas nas unidades prisionais. Porém, segundo a Sejus, os grevistas impediram a entrada dos visitantes, o que teria motivado reações dentro dos presídios. A pasta afirma não ter indícios de que as rebeliões sejam retaliações ou atuação do crime organizado.

A reportagem não conseguiu contato com o sindicato dos agentes penitenciários do Estado. Em nota divulgada pela entidade, o presidente da instituição, Valdemiro Barbosa, afirmou que "não aceita" ser responsabilizado pelo conflito.

"Querem responsabilizar a nossa categoria pela quebradeira e mortes nos presídios, mas não vamos aceitar, pois há mais de um ano buscamos essa gratificação. Ignoraram nossas propostas, nunca negociaram, apenas promessas", disse.

Em redes sociais, o governador Camilo Santana (PT) informou que solicitou o apoio da Força Nacional de Segurança no domingo, para "garantir a estabilidade nos presídios, especialmente durante a recuperação das instalações, que foram destruídas por conta das rebeliões".

O governador disse "lamentar profundamente" o ocorrido nas unidades do Estado. "Não medirei esforços, junto com nossas forças de segurança, para que haja a estabilidade do sistema penal o mais rápido possível. Minha determinação é de que todas as medidas necessárias para isso sejam tomadas", concluiu o governador petista.


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