Folha de S. Paulo


Paulo Yoshio Kageyama (1945-2016)

Mortes: Agrônomo, aconselhava da ONU aos sem-terra

A educação ambiental era uma ferramenta para Paulo Yoshio Kageyama. Agrônomo, acreditava que a informação era a chave para conscientizar a sociedade sobre problemas causados pelo desmatamento e perda da biodiversidade.

Não se cansava de passar essa lição adiante, seja em encontro da ONU, reunião do governo, na sala de aula ou em assentamento dos sem-terra. Ele passava por cada um desses lugares, sempre humilde, discutindo conservação, sustentabilidade, agrotóxicos, transgênicos.

Nascido em Santo Anastácio (a 589 km de São Paulo), esse neto de japoneses cresceu em uma família simples de agricultores. Deixou a cidade nos anos 60, quando entrou na USP. Fez lá a graduação, mestrado e doutorado. O pós-doutorado fez nos EUA.

Recentemente, Paulo era membro da FAO (braço da ONU para a agricultura e alimentação), parte da comissão de biossegurança do Ministério de Ciência e Tecnologia e professor da Esalq (escola superior de agricultura) da USP.

Trabalhou com seringueiros no Acre contra o fungo responsável pelo "mal das folhas" e desenvolveu técnicas de agricultura familiar em acampamentos de sem-terra.

Rigoroso, não permitia atraso nem nos almoços marcados com os sobrinhos. Mas também era carinhoso, preocupado. Ligava de Piracicaba (a 160 km de São Paulo), onde se instalou, para saber novidades e dar conselhos.
Estava sempre mostrando vídeos das netas no celular. Os bolsos, cheios de balinhas.

Morreu no dia 17, aos 71 anos, após um infarto. Deixa mulher, filha, enteados, netos, uma irmã e sobrinhos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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