Folha de S. Paulo


Para família, fã morto de Ana Hickmann era 'garoto normal'

Reprodução Facebook
Rodrigo Augusto de Pádua, que invadiu quarto da apresentadora Ana Hickmann
Rodrigo Augusto de Pádua, que invadiu quarto da apresentadora Ana Hickmann, em BH

Rodrigo Augusto de Pádua, 30, o fã de Ana Hickmann morto pelo cunhado da apresentadora após invadir o quarto dela em um hotel, era "um garoto normal, que gostava de internet", nas palavras de familiares que assim o definiram no velório do rapaz, neste domingo (22), em Juiz de Fora (MG), onde morava.

A mãe de Pádua, Wanda Simões de Pádua, afirmou nesta segunda-feira (23) que seu filho não tinha intenção de atacar a apresentadora. Segundo ela, Pádua lutava contra um "inimigo terrível", que ataca a pessoa "24 horas" por dia -ela não especificou se o jovem sofria algum transtorno psicológico. Disse apenas que "não era ele quem fez aquilo", e classificou o episódio como uma fatalidade.

Assustados com a grande repercussão do caso, parentes conversaram com a Folha na condição de anonimato. O marido de uma das irmãs do rapaz, por exemplo, disse que sabia do apreço de Rodrigo pela apresentadora da TV Record, mas não imaginava o nível de sua admiração.

Uma sobrinha contou que a família tinha conhecimento de que Rodrigo fazia elogios à ex-modelo pelo Twitter, mas desconhecia o perfil no Instagram, em que Rodrigo, além das declarações de amor e elogios à beleza da celebridade, fazia também comentários de cunho sexual.

Segundo um sobrinho, certa vez Rodrigo disse que estava "muito feliz" por ter tido um pedido atendido por Ana. O rapaz falou a parentes que pediu, via Twitter, que a apresentadora usasse no programa uma roupa específica, ao que Ana o teria atendido. Fato ou mentira? Ninguém da família sabe responder.

Na infância, lembrou a tia do rapaz, ele era um garoto brincalhão, característica que preservava até hoje. Irmão mais velho de Rodrigo que mora em Belo Horizonte, Helisson Augusto Pádua contou que o irmão fora conhecer a capital mineira e que era "um cara normal". Disse mais: "Minha mulher descobriu que ele se correspondia pelas redes sociais com a Ana Hickmann, mas a gente nunca desconfiou que isso fosse algum problema".

Conta que o irmão estava desempregado e, recentemente, só saía de casa para ir à academia. Rodrigo não possuía armas, defendeu ele. Dois dias antes da morte, o rapaz postou mais de 20 fotos da apresentadora no Instagram. Ana Hickmann contou que havia bloqueado o fã nas redes sociais meses atrás.

Rodrigo também acompanhava os perfis de Alexandre Corrêa, marido da apresentadora, e de Giovana, a assessora de Ana Hickmann, baleada durante a ação.

Rodrigo Augusto

VIDA EM FAMÍLIA

Rodrigo Pádua era o caçula de cinco filhos. Era também o único que ainda vivia com os pais, de classe média baixa, em Juiz de Fora –o pai, Hélio de Pádua, trabalha como porteiro para complementar a renda da aposentadoria.

Há dez anos, Rodrigo passou a adotar uma postura reclusa, sem sair de casa. Seria por esse motivo que ele não teria muitos amigos. Nenhum parente quis falar se o rapaz sofria algum tipo de distúrbio psicológico diagnosticado.

Havia concluído o ensino médio. Dividia a admiração por Ana com estudos para o vestibular. Tentaria passar, via Enem, em medicina. Rodrigo se hospedou no mesmo hotel da apresentadora. Disse a ela, em conversa gravada pelo seu cabeleireiro: "Você é uma mentira. Duvidou do amor que eu tinha".

Pela versão policial, Rodrigo obrigou, então, Ana, Giovana e o marido dela, Gustavo Henrique Bello Corrêa, o Guto, a se virarem para a parede, de costas e com as mãos na cabeça. Guto se recusou a cumprir a ordem. Foi aí que o atirador disparou duas vezes em direção a Giovana.

O cunhado de Ana reagiu. Entrou em luta corporal com Rodrigo, pedindo às duas para que deixassem o quarto. Após a luta, Rodrigo foi atingido por dois tiros na parte de trás da cabeça, segundo versão de Guto, que entregou o revólver na recepção do hotel após o ocorrido.

O estado de saúde de Giovana é considerado estável. O tiro no abdome perfurou intestino grosso, delgado e uma artéria. O projétil se alojou no fêmur. Ela deve passar por cirurgia, ainda sem data.
Para a polícia, Rodrigo estava agressivo e falava coisas desconexas. O caso é tratado como legítima defesa.


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