Folha de S. Paulo


Motoristas de ônibus encurtam paralisação e ficam perto de acordo

A paralisação dos motoristas e cobradores de ônibus de São Paulo terminou uma hora antes do previsto na tarde desta quinta-feira (19) depois de um indicativo de acordo entre patrões e empregados -que deve frear a ameaça de radicalização da categoria.

O bloqueio nos 29 terminais de ônibus, iniciado às 14h e previsto para durar duas horas, foi encerrado às 15h pelos sindicalistas –com a justificativa de que as viações apresentaram, naquele momento, uma nova proposta de reajuste salarial.

Acompanhe aqui como foi a cobertura em tempo real

Os dois sindicatos (Sindimotoristas, dos condutores, e SPUrbanuss, das empresas), porém, se recusaram a revelar detalhes da nova oferta e se houve alguma promessa de repasses da prefeitura.
Valdevan Noventa, presidente do Sindimotoristas, só afirmou que "falta pouco" para um acordo e que houve avanço, por exemplo, no reajuste de vale-refeição e no pagamento de PLR (Participação nos Lucros e Resultados).

O Sindimotoristas levará a proposta patronal para uma assembleia da categoria nesta sexta. Se for aceita, a greve que chegou a ser agendada para segunda-feira (23), pelo dia inteiro, será suspensa. Na quarta-feira (18), os motoristas e cobradores cruzaram os braços das 10h às 12h, prejudicando em torno de 1,5 milhão de passageiros.

Os trabalhadores reivindicam 5% de reajuste, além da correção da inflação, PLR de R$ 2.000 e benefícios. As viações, até então, ofereciam 2,31% de alta no salário e no vale-refeição -e cobravam mais subsídios municipais.

A gestão Fernando Haddad (PT) elevou em 150% os repasses do município às empresas de ônibus –subsídios para cobrir a diferença entre arrecadação e custo do sistema- nos primeiros cinco meses de 2016 em relação ao mesmo período do último ano de Gilberto Kassab (PSD).

Em 2015, a gestão Haddad repassou R$ 1,9 bilhão às viações para compensar esse deficit –motivado, dentre outros fatores, pelas gratuidades (incluindo idosos e alunos da rede pública) e descontos (como do Bilhete Único).

'ENROLANDO'

Nesta quinta, quando os motoristas voltaram ao trabalho, às 15h, a lentidão do trânsito estava um pouco acima da média, com 56 km. O habitual é entre 32 km e 54 km, segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).

A paralisação nos principais terminais da cidade foi menos traumática que a do dia anterior, mas, ainda assim, muitos passageiros enfrentaram problemas.

A professora Mara Sanção, 42, vinha de Jundiaí (a 58 km de São Paulo) para ir ao médico. No terminal Bandeira, no centro, ficou sabendo da paralisação. "Estou tentando remarcar a consulta médica para amanhã. Como faz?"

Luis Antônio Tomaz, 57, disse que o motorista que o trouxe até o terminal Parque Dom Pedro 2º, no centro, veio "enrolando no caminho". "O motorista fez em 40 minutos um trajeto que leva só 15", disse Tomaz, que vinha da avenida Paulista.

"Quer protestar? Então deixa a catraca livre. Roda sem cobrar a passagem. Prejudica o patrão e a prefeitura, e não o povo", completou.


Endereço da página:

Links no texto: