Folha de S. Paulo


Gabmar Cavalcanti Albuquerque (1943-2016)

Mortes: Músico de ouvido aguçado, nunca teve aulas

Gabmar Cavalcanti Albuquerque tinha 3 ou 4 anos quando começou a dedilhar o piano de sua casa. As tentativas aconteciam depois das aulas da irmã. Ele ficava ao lado, atento, e, ao final, corria para tentar reproduzir as músicas tocadas por ela.

Nascido em Campina Grande (PB), Gabmar cresceu ouvindo música. Começou com a mãe, que tocava bandolim. Mas foi o pai que lhe deu a primeira sanfona. Pequena, compatível com o tamanho de um menino de quatro anos. Sozinho, tentava, errava, insistia, até conseguir as notas certas.

Cego desde os três anos, após um glaucoma, ele nunca teve aulas de música. Mas tinha a audição aguçada e era insistente. Foi assim com a sanfona, com o piano, com o violão, com a guitarra, com a flauta. Até a bateria arriscou.

A família estava sempre incentivando. Um dos irmãos o levou a um concurso de calouros no Rio, aos dez anos. Também com ele, começou a tocar profissionalmente. Por mais de 30 anos, os dois estiveram na mesma banda, viajando pelo Nordeste do país.

"Todo final de semana eles tocavam em três, quatro cidades. Não chegaram a tocar no Sudeste, mas estavam nos Estados ao redor da Paraíba", conta o filho, Alison.

Gabmar deixou a banda nos anos 90, mas não a música. Passou a se apresentar com a mulher, Kátia, com quem tocou até o fim.

O rádio era seu companheiro nas horas vagas. Não apenas pela música. Acompanhava notícias e mantinha conversas pelo rádio amador.

Morreu no dia 1º, aos 72, após lutar contra um câncer. Deixa mulher, três filhos, quatro netos e quatro irmãos.
p(tagline). coluna.obituario@grupofolha.com.br

-

Veja os anúncios de mortes

Veja os anúncios de missas

-


Endereço da página:

Links no texto: