Folha de S. Paulo


Alunos pró e contra ocupação de escolas entram em confronto no Rio

Estudantes secundaristas da rede estadual do Rio se enfrentaram em uma luta de pedras e paus na tarde desta sexta-feira (13), deixando ao menos quatro menores de idade feridos.

De um lado, jovens que há cerca de 50 dias ocupam a escola Mendes de Moraes, na Ilha do Governador, zona norte, tentavam evitar a segunda desocupação do local. Do outro, estudantes da mesma escola contrários ao movimento tentavam invadir.

A Mendes de Moraes foi a primeira escola ocupada pelos secundaristas do Rio, desencadeando um movimento que já tem atualmente cerca de 70 escolas tomadas por estudantes.

Entre as pautas dos manifestantes estão melhores condições de aula nas escolas, além do apoio à greve de professores do Estado, que já dura mais de um mês. Vídeos postados nas redes sociais mostram que os dois grupos arremessaram paus e pedras por sobre os muros da escola ocupada. Bombas foram atiradas da rua para o interior do colégio.

O fato ocorreu por volta de 12h30 desta sexta e durou cerca de uma hora. Um menino que participava da ocupação foi levado ao hospital para tomar pontos na cabeça. Outro, do movimento de oposição, recebeu uma pedrada no lábio e quebrou o dente.

A Folha chegou ao local após o conflito e encontrou o refeitório com vidros estilhaçados e cadeiras reviradas.

Cerca de 30 jovens tentaram encerrar a ocupação. Segundo relatos dos alunos que estavam dentro do colégio, dez deles conseguiram romper as barricadas feitas com carteiras e mesas e promoveram a depredação do refeitório. Os membros do Desocupa Mendes negam terem causado os danos.

Alunos do movimento de ocupação chamaram a polícia, mas afirmaram que ela chegou apenas uma hora depois. Por volta das 17h30, ao menos quatro ônibus do sindicato dos professores do Rio (Sepe) haviam chegado para apoiar a ocupação.

No início da noite, o clima ainda era tenso no local. Alunos dentro da escola afirmaram que havia infiltrados na ocupação e fizeram uma busca. Um garoto corria com uma corrente na mão. Outros circulavam com porretes. Os adultos pediam calma. Por volta das 19h, três carros da policia estavam postados do lado de fora da escola.

MANIPULADOS

A Folha ouviu membros dos dois grupos, que acusaram os opositores de serem manipulados por interesses externos.

O Ocupa Mendes é acusado de agir sob influência do sindicato dos professores, que tem ligação com o Psol. Os do movimento Desocupa são acusados de serem incitados pela secretaria Estadual de Educação e por pessoas ligadas ao governo.

"A minha luta é por uma escola de qualidade. O governo está colocando estudante contra estudante, alimentando uma briga que vai continuar quando tudo isso acabar", disse o aluno do segundo ano J.R., 16, que prestará vestibular para medicina.

"Quase nenhum ocupante do Mendes é aluno de verdade. Eles ocuparam para melhorar a escola, mas empilharam um monte de cadeira e mesa para impedir a entrada dos outros", disse Alexandre Mascarenhas, 18, também do segundo ano, que quer estudar engenharia mecânica.


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