Folha de S. Paulo


Estudantes voltam a ocupar escola Fernão Dias, na zona oeste de SP

Símbolo do movimento de ocupação contrário à reorganização escolar pretendida pelo governo Alckmin (PSDB), a Escola Estadual Fernão Dias, em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, voltou a ser ocupada por estudantes neste sábado (30).

O movimento teve início às 3h. Segundo os estudantes, no início da ocupação, um grupo de policiais militares teria jogado spray de pimenta contra eles na frente da escola. "Uma forma de intimidação", disse a estudante Manuela Day, 15.

Os alunos não registraram boletim de ocorrência. Segundo a Polícia Militar, a ocupação foi pacífica e não havia registro de confrontos.

O movimento deste sábado é articulado por cerca de 80 jovens de diversos colégios estaduais de São Paulo.

De acordo com o estudante Guilherme Augusto da Silva, da Escola Estadual Amélia Kerr Nogueira, na zona sul, eles protestam contra "a reorganização disfarçada das escolas, que tem fechado salas, contra cortes orçamentários na educação e por melhorias na merenda escolar".

A todo momento, mais estudantes têm chegado à unidade. Cartazes que estampam reivindicações como "cadê a merenda?" foram colocados no portão do colégio.

O representante da pasta da educação, Nonato Miranda, esteve no local e foi vaiado pelos estudantes. Ele disse à Folha que aguarda uma posição do movimento para iniciar o diálogo.

"Eles disseram que estamos fechando salas deliberadamente, mas na Fernão Dias, por exemplo, o que falta são alunos", afirmou.

Os alunos estão em assembleia desde as 11h deste sábado para definir os próximos passos da manifestação.

A ocupação da escola Fernão Dias engrossa o descontentamento dos estudantes em relação às condições de ensino na rede estadual paulista.

OUTRO LADO

Em nota, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo afirmou que não há qualquer processo de reorganização em curso e nenhuma escola foi fechada ou desativada neste ano.

Segundo o órgão, a movimentação e o acomodamento de turmas ocorre no início de cada ano letivo, de acordo com o número de alunos matriculados em cada escola e obedecendo as normas estabelecidas pela Secretaria da Educação do Estado, que determina 30 alunos por turma do 1º ao 5º ano Ensino Fundamental, 35 do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental e 40 no Ensino Médio. O número de alunos matriculados pode sofrer variações ao longo do ano.

A secretaria afirmou ser vítima na Operação Alba Branca e colaborar com as investigações iniciadas pelo próprio governo do Estado com a Polícia Civil, Corregedoria Geral da Administração e Ministério Público. A pasta diz que não falta merenda nas escolas da rede estadual de ensino.

PAULA SOUZA

O protesto na Fernão Dias Paes está articulado com um movimento que ocupa desde quinta-feira (28), o Centro Paula Souza –autarquia do governo de São Paulo responsável por administrar escolas técnicas e faculdades de tecnologia no Estado.

Estudantes de Etecs ocupam o local. Também participam da ocupação alunos de escolas estaduais convencionais, muitos deles protagonistas dos protestos do ano passado contra fechamento de salas.

Eles cobram a construção de restaurantes estudantis nas Etecs (Escolas Técnicas Estaduais) ou o fornecimento de vale-refeição enquanto os espaços não ficam prontos.

O Centro Paula Souza informou nesta sexta-feira (29) que os alunos que ocuparam a sede do local se recusaram a dialogar. Em nota, a assessoria de comunicação informou que 90% das escolas técnicas oferecem alimentação, e que a autarquia "segue trabalhando para solucionar questões pontuais."


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