Folha de S. Paulo


Alunos que ocupam sede de escolas técnicas criticam governo Alckmin

Envoltos em cobertores, vestindo casacos pesados e usando gorros para enfrentar a frente fria que chegou à capital paulista nessa semana, estudantes de escolas públicas continuam ocupando o CPS (Centro Paula Souza), autarquia do governo de São Paulo responsável por administrar escolas técnicas e faculdades de tecnologia no Estado.

O principal alvo dos protestos é o governador Geraldo Alckmin (PSDB), chamado pelos alunos de "fascista" e "ladrão de merenda". Deflagrada em janeiro, a operação Alba Branca investiga suposto esquema de fraude em contratos para fornecimento de merenda às escolas da rede estadual.

Segundo a administração do CPS, há cerca de 150 estudantes no interior do edifício, que funciona apenas como centro administrativo. A maior parte dos alunos é de escolas técnicas do Estado, segundo os estudantes.

Eles reivindicam também a construção de restaurantes estudantis e a concessão de vale refeição para os estudantes. Segundo a assessoria de imprensa da instituição, 90% das escolas técnicas já oferecem alimentação.

"Todas as escolas estaduais e técnicas sofrem muito com a falta de merenda", diz Nana Marinho, 15, aluna da Etesp, que chegou à ocupação nesta manhã. "E as escolas técnicas tiveram cortes grandes no orçamento, o que prejudica muito a qualidade do ensino", afirma.

"Nossa merenda está sendo roubada. Queremos CPI e punição", diz Lizandra Lima, 16, enquanto ajuda no controle de entrada do prédio.

DISPENSADOS

Pela manhã, funcionários tentaram entrar no prédio, mas os estudantes não permitiram. Cerca de 200 trabalhadores foram dispensados, segundo a administração. Há seguranças no interior do edifício.

A diretora do CPS, Laura Laganá, chegou a ir ao local, mas não entrou no prédio. A assessoria de imprensa do órgão diz que a diretora se dispôs a receber uma comissão formada pelos alunos, mas que eles se recusaram a dialogar. Os estudantes querem que Laganá apresente as propostas de negociação por escrito.

Segundo a autarquia, caso os alunos continuem na escola, não será possível fechar a folha de pagamento de professores e funcionários.

O quarteirão onde fica a sede do CPS, na região central de São Paulo, foi fechado pela CET. Não há Polícia Militar no local.

Os estudantes seguem o "modus operandi" das ocupações de escolas estaduais do ano passado, com jograis para passar informações, grupos de tambores e paródias de funk. Segundo os alunos, eles receberam doações de alimentos de famílias e estudantes de outras escolas.

OUTRO LADO

Em nota, a assessoria de comunicação do Centro Paula Souza informou que 90% das escolas técnicas oferecem alimentação, e que a autarquia "segue trabalhando para solucionar questões pontuais com a readequação da estrutura disponível em algumas unidades e a negociação com as prefeituras e a Secretaria da Educação, responsável pelo orçamento, compra e distribuição de alimentos."

O órgão diz ainda que, nos últimos dois anos, investiu R$ 250 milhões na ampliação e melhoria estrutural das escolas.


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