Folha de S. Paulo


Tribunal nega ter dito à Prefeitura do Rio para pôr menos pinos em ciclovia

Ricardo Borges/Folhapress
Trecho da nova ciclovia Tim Maia, inaugurada recentemente, na Avenida Niemeyer em São Conrado na zona sul do Rio de Janeiro, desabou após ser atingida pela ressaca do mar, nesta quinta-feira (21). Duas pessoas morreram.
O trecho liga o Leblon ao bairro de São Conrado

O presidente do Tribunal de Contas do Município do Rio, Thiers Montebello, negou nesta segunda-feira (25) que o órgão tenha pedido à Prefeitura do Rio para reduzir ou deixar de colocar pinos na laje da ciclovia da avenida Niemeyer, na zona sul do Rio.

Um trecho da via, que liga as orlas do Leblon e São Conrado, desabou na última quinta-feira (21), após a pista ser ser atingida de baixo para cima por uma forte onda, matando ao menos duas pessoas. Especialistas sugeriram um problema de fixação na pista.

Durante coletiva à imprensa no último sábado (23), o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), disse que o Tribunal de Contas do Município havia contestado a "quantidade de pinos que prendiam a laje que se soltou, disse que eram pinos e parafusos demais".

Nesta segunda-feira, Montebello se disse indignado com a declaração do prefeito.

"Em nenhum momento tribunal falou que tinha que tirar ou deixar de colocar a ancoragem, esse chumbamento (...) Desafio que mostre em qualquer relatório do tribunal que o tribunal tenha dito que não precisava colocar essa ancoragem", disse o presidente do Tribunal.

A "ancoragem", no jargão da engenharia, é a técnica para prender a pista aos pilares de sustentação. Esses pinos ou parafusos de aço unem as duas estruturas e poderiam evitar que a ciclovia fosse arremessada para cima.

Segundo Montebello, o que o órgão identificou foi uma diferença nos valores entre o projeto da obra e seu memorial de cálculo (documento que detalhe as contas do projeto), mas isso se referiria à base do pilar que sustentava a ciclovia, ou seja, à parte de baixo.

TRINCAS

No último fim de semana foram divulgados relatórios do Tribunal de Contas do Município que constatavam a presença de depressões, trincas e falhas de acabamento na ciclovia da Niemeyer, que custou cerca de R$ 45 milhões e foi inaugurada em janeiro deste ano.

Segundo Montebello, foram inúmeras irregularidades encontradas em seis vistorias feitas pelo órgão. Os problemas, contudo, não tinham relação com a estrutura de engenharia do projeto. Ele disse que é preciso aguardar o resultado da perícia da Coppe, da UFRJ.


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