Folha de S. Paulo


Aplicativos de transporte crescem em SP na esteira de projeto de lei do Uber

Mais do que legalizar o polêmico Uber –serviço on-line que conecta motoristas a passageiros e causa a revolta dos taxistas–, um projeto endossado por vereadores e pela gestão Fernando Haddad (PT) prevê regulamentação de aplicativos de carona e de aluguel de carros particulares.

Todos esses aplicativos já existem em São Paulo e estão em crescimento, agora no aguardo do aval da Câmara Municipal para operar sem o amparo de decisões judiciais. O texto com as regras para esses serviços deve ser votado na semana que vem, mas a discussão sobre o tema começou nesta quinta-feira (14) em uma audiência pública.

O novo projeto prevê que carros alugados por meio de aplicativos ficarão fora do rodízio de veículos, desde que paguem por isso. Também inclui o compartilhamento de um mesmo carro para usuários que saem de diferentes pontos em aplicativos com motoristas como Uber.

O debate acontece no momento em que o Uber está prestes a ganhar um concorrente, já que o WillGo –empresa indiana– deve começar a operar em São Paulo nos próximos dias. Pelo menos 5.000 motoristas já estariam cadastrados. Deve se expandir para Rio, Brasília, Belo Horizonte e Porto Alegre.

Para quem contrata o serviço, haverá tarifas diferentes de acordo com o perfil do veículo e a quilometragem [leia quadro nesta página]. Mas não deve haver as chamadas tarifas dinâmicas, nas quais o preço pode variar de acordo com a demanda.

ALUGUE SEU CARRO

Outra iniciativa que vem ganhando corpo é o Fleety. Trata-se de uma plataforma que pode ser acessada pelo celular, computador ou tablet, na qual pessoas anunciam os próprios carros para locação. Quem tiver interesse em ser locatário, pode escolher um período para isso.

André Marim, diretor-presidente e um dos fundadores do Fleety, não apresenta números de adeptos, dizendo que há contrato de sigilo com investidores, mas afirma que o projeto vem crescendo devido à uma mudança cultural para o consumo racional.

APLICATIVOS DE TRANSPORTE - Entenda as modalidades que estão sendo discutidas na Câmara Municipal

"A crise econômica brasileira obrigou as pessoas a enxugar custos e buscar novas fontes de recurso. Quem coloca um carro para aluguel busca isso, uma maneira de otimizar o orçamento familiar", disse o executivo. O estudante Gabriel Pereira de Oliveira, 19, coloca dois carros da família para locação desde o ano passado.

"Os carros ficavam parados na garagem e decidi colocar no Fleety. Se souber alugar, lucra. Dependendo do mês, dá para tirar de R$ 1.000 a R$ 2.000. Paga o IPVA", diz.

Há, porém, algumas dores de cabeça. Recentemente, o carro de Oliveira voltou raspado após uma locação. "O locatário não quis pagar o conserto, mas o Fleety reembolsou." A empresa oferece seguro referente ao horário de locação.

Nos mesmos moldes atua o ZazCar, que chegou a SP em 2010. Diferentemente do Fleety, tem frota própria, à disposição de interessados em 45 pontos da cidade. O interessado recebe um cartão magnético que desbloqueia os carros. Depois, devolve o carro no ponto em que tirou.

LEVA JUNTO

Outra iniciativa já existente em São Paulo são os aplicativos de carona. O Caronetas funciona por meio de contratos com empresas que estimulam a carona entre seus funcionários. Fundado em 2011, buscou suprir a demanda de pessoas que usavam fretados. Nesse caso, é a empresa quem faz um cadastro pelo site.

Um e-mail corporativo liga pessoas que oferecem o carro para dividir e os interessados. "Com estímulo às caronas, somente em uma das empresas houve redução de 70 para 13 fretados", disse Marcio Nigro, fundador do Caronetas. Quem oferece a carona recebe créditos referentes à viagem num cartão. Os créditos podem ser trocados por produtos e serviços –gasolina ou troca de óleo, por exemplo.

Já o BlaBlaCar conecta pessoas para viagens entre cidades (distâncias, em média, na casa dos 300 km). Criado na França, diz ter 25 milhões de adeptos em 22 países. Nele, até quatro pessoas podem dividir o carro. Segundo a empresa, São Paulo participa tanto como origem quanto destino.


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