Folha de S. Paulo


Creches de Haddad não têm feijão no cardápio da merenda há um mês

Crianças matriculadas em creches municipais da capital, ligadas à gestão do prefeito Fernando Haddad (PT), estão sem feijão na merenda há cerca de um mês. A prefeitura tirou o produto do cardápio depois que as unidades começaram a receber feijões com larvas dentro. O corte atinge tanto as creches de administração direta quanto as conveniadas.

O motivo, segundo a Codae (Coordenadoria de Alimentação Escolar), seria um problema na safra dos feijões de três fornecedores que atendem as creches. Juntos, eles dão à prefeitura um gasto de R$ 2,5 milhões por ano.

Moacyr Lopes Junior - 30-jul.2014/Folhapress
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad

Por causa disso, uma nutricionista da prefeitura enviou um comunicado às creches sugerindo a substituição do clássico arroz com feijão por arroz com molho ou legumes, risoto, arroz com proteína de soja, além de preparar receitas com fubá para incrementar o cardápio.

Ontem, o FEI (Fórum da Educação Infantil das Entidades Conveniadas do Município de São Paulo) fez uma assembleia com a presença de representantes de creches conveniadas para discutir o problema das merendas.

A comissão do fórum apresentou fotos de alimentos que chegam estragados às creches: frutas, verduras e legumes. Representantes disseram que a qualidade da comida tem caído e que até o fubá já apareceu com larvas. Além disso, dizem, a quantidade de alimentos enviados às creches não tem sido suficiente para atender a demanda e as unidades têm de comprar comida por fora.

"Tem que ver o que está sendo feito com o dinheiro público, porque há uma licitação para compra dos alimentos, mas o que está chegando é diferente. Repassamos o problema à prefeitura. Ela diz que vai regularizar, mas não faz nada", disse a coordenadora da comissão executiva do FEI, Rosa Maria Marinho Acerba.

SEM MERENDA

Na semana passada, alunos de 103 escolas municipais do Jaçanã e do Tremembé (zona norte) ficaram três dias sem merenda depois que a empresa fornecedora cancelou o contrato com a prefeitura.

A coordenadora do Codae (Coordenadoria de Alimentação Escolar), Cláudia Lopes Macedo, disse que a prefeitura suspendeu a entrega de feijão nas creches assim que recebeu denúncias de má qualidade.

"Estamos em fase de substituição (trocando o feijão ruim por novos) e o abastecimento vai ser normalizado a partir da semana do dia 26 de abril", afirmou. De acordo com Cláudia, as empresas fornecedoras foram multadas. Ela não informou o valor. "Foi um problema de safra geral por causa das chuvas em algumas regiões produtoras", disse. Segundo ela, as empresas de frutas e legumes também serão penalizadas.

Sobre as reclamações de falta de alimentos, Cláudia disse é preciso analisar os casos individualmente porque a quantidade é calculada pelo número de alunos. Já sobre a falta de açúcar, afirmou que a empresa fornecedora rompeu o contrato. "Uma licitação está sendo feita."

O prato das crianças matriculadas em creches municipais não é mais o mesmo. Segundo representantes de creches indiretas, a tem sumido itens como cenoura e batata, que foram trocados por inhame. O açúcar é outro item que desapareceu.

Funcionários da CEI Bom Retiro, localizada na região central da cidade, disseram à reportagem que não recebem mais açúcar da prefeitura. A unidade atende cerca de cem crianças.

Segundo Rosa Maria, coordenadora do FEI, estão escassos também itens básicos como arroz, óleo e frutas. "Você recebe três mamões para 150 crianças, dois abacates, 15 quilos de arroz. As frutas eles mandam por semana. Arroz e feijão por mês. Não dá para atender as crianças e isso está acontecendo há um ano."


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