Foi depois de uma sessão de filme que Denis Borges Barbosa decidiu mudar o rumo de sua vida. Mesmo com a carreira já consolidada, resolveu que não se contentaria em ser um bom músico, mas se tornaria um excelente advogado.
Nascido no Rio, ele cresceu ouvindo a mãe, que era maestrina, tocar e falar sobre música, e logo escolheu o seu instrumento: a flauta barroca. Estudou, se especializou, tocou em orquestras, deu aulas. Mas acreditava ser apenas bom, não excepcional.
O filme Amadeus o fez repensar a vida de músico e o levou ao direito, que traria mais retorno. Manteve os concertos durante o curso, mas depois se especializou em direito empresarial, trabalhando, principalmente, com a propriedade intelectual –ainda estava ligado à cultura, à arte.
Foi consultor, associado e sócio de firmas de advocacia. Também foi procurador da cidade do Rio, subsecretário e professor. Orientou mais de 200 trabalhos de alunos e escreveu livros, muitos livros.
"Era um professor de coração", diz o filho Pedro, que também foi seu aluno e atualmente trabalhava com Denis.
A música sempre continuou presente e foi um meio de sobrevivência quando a prefeitura deixou de pagar os salários na década de 1980.
Sorridente, Denis costumava falar pouco, mas era um contador de histórias.
Aposentado da procuradoria, continuou ativo até o fim. Dava consultoria, lecionava, escrevia. A música continuava presente, um hobby, assim como o cinema e o teatro.
Morreu no dia 2, aos 67, em decorrência de uma inflamação cardíaca. Deixa mulher, três filhos e dois netos.
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