Folha de S. Paulo


Procuradoria pede prisão de quatro policiais federais e de filho de bicheiro

Ricardo Moraes - 21.nov.2006/Folhapress
ORG XMIT: 300801_1.tif Eleições, 2006 - Crise do dossiê: Antonio Petrus Kalil, o Turcão, diante da sede da Polícia Federal no Rio de Janeiro (RJ). O bicheiro negou ter feito doações a políticos petistas ou fornecido dinheiro para a compra do dossiê antitucanos. Ele admitiu apenas ter contribuído para a campanha de um amigo seu, eleito deputado estadual do Rio por um partido nanico. No dia 15 de setembro de 2006, Gedimar Pereira Passos, advogado e ex-agente da PF, e Valdebran Carlos Padilha da Silva, empreiteiro mato-grossense, foram presos pela PF na capital paulista com US$ 248,8 mil e R$ 1,16 milhão dentro do hotel Ibis Congonhas. Os dois disseram que o dinheiro seria usado para comprar do empresário Luiz Antonio Vedoin, apontado como líder da quadrilha dos sanguessugas, um dossiê com informações sobre a participação do candidato do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra, na máfia das ambulâncias. De acordo com a investigação da PF e do Ministério Público, uma quadrilha chefiada pela empresa Planam fraudava licitações como forma de vender ambulâncias superfaturadas a prefeituras. O dinheiro para isso viria de emendas que deputados federais e senadores faziam ao Orçamento da União. (Rio de Janeiro, RJ, 21.11.2006. Foto de Ricardo Moraes/Folhapress)
O bicheiro Antonio Petrus Kalil, o Turcão, diante da sede da Polícia Federal no Rio de Janeiro, em 2006

O MPF (Ministério Público Federal) no Rio pediu à Justiça Federal a prisão de Antônio Petrus Kalil Filho, filho do bicheiro Antônio Petrus Kalil, o Turcão, apontado pela Polícia Federal como um dos chefes do jogo do bicho no Estado e de quatro policiais federais. De acordo com o MPF (Ministério Público Federal), todos estão condenados por formação de quadrilha, prevaricação e corrupção.

Os policiais Cláudio Octaviano Guerra, Osvaldo Souza, Emídio Gentil Júnior e Clodoaldo Lemos teriam, segundo a denúncia, dado regalias a Turcão quando esteve preso na PF. No processo, todos negam as acusações.

As penas foram confirmadas no TRF (Tribunal Regional Federal), da 2ª Região (Rio e Espírito Santo), mas a execução das penas aguardava por recursos no STJ (Superior Tribunal de Justiça) e no STF (Supremo Tribunal Federal).

Os procuradores entendem que quando o STF admite a detenção antes do transitado em julgado abre a possibilidade para a prisão dos acusados por isso o pedido feito à Justiça Federal. "A jurisprudência anterior tinha bons fundamentos, mas quebrava o sistema, incentivando o artifício dos recursos infinitos após a condenação. A verdade é que o novo entendimento apoia-se na previsão constitucional de que cabe a privação de liberdade obedecido o processo legal", diz o procurador da República Leandro Mitidieri.

A condenação do grupo é referente ao tratamento dado pelos policiais federais ao bicheiro Turcão em sua prisão, na operação Furacão, em 2007. Na ocasião, o contraventor conseguia, apesar de preso, o direito de ir a restaurantes e reuniões secretas com parentes, amigos e até com uma amante.

Os policiais chegaram a promover o encontro de Turcão com a namorada dentro de uma viatura oficial da Polícia Federal. Esse tratamento era, de acordo com o MPF, intermediado pelo filho de Turcão, Antônio Petrus Kalil Filho. Era Kalil Filho quem oferecia propina aos policiais em troca das vantagens ao bicheiro.

O advogado Renato Tonini que defende os policiais Cláudio Octaviano Guerra e Emídio Gentil Júnior disse que vai aguardar a decisão da Justiça sobre o caso. "Vamos esperar qual será a decisão do juiz. Depois dela vemos o que precisamos fazer", afirmou.

Já Nilo Pompílio da Hora disse que não havia sido informado sobre o caso e que buscaria esclarecimentos. A Folha não encontrou os advogados que defendem o policial Osvaldo Souza e Antonio Petrus Kalil Filho.


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