Folha de S. Paulo


Ciclista que perdeu o braço se diz indignado com nova pena de motorista

Tercio Teixeira - 19.dez.2013/Folhapress
SÃO PAULO,SP,BRASIL, 19/12/2013 - CICLISTA QUE PERDEU O BRACO - O ciclista David Santos Souza, 22 anos. Em março, ele teve o braço decepado por um motorista, que jogou o membro em um córrego. Souza está adaptado à prótese, faz um curso de administração e planeja fazer faculdade de engenharia civil no próximo ano.. (Foto: Tercio Teixeira/Folhapress, NAS RUAS) *** EXCLUSIVO AGORA *** EMBARGADA PARA VEICULOS ONLINE *** UOL E FOLHA.COM CONSULTAR FOTOGRAFIA DO AGORA *** FOLHAPRESS CONSULTAR FOTOGRAFIA AGORA *** FONES 3224 2169 * 3224 3342 ***
O ciclista David Sousa, que teve o braço direito decepado em atropelamento em março de 2013

David Sousa, 24, o ciclista que teve o braço decepado após ser atropelado pelo estudante de psicologia Alex Siwek na avenida Paulista, em 2013, diz que está "indignado" com a redução da pena do motorista.

Condenado por lesão corporal em 2014 a seis anos de prisão em regime semiaberto, suspensão da habilitação para dirigir por cinco anos e multa de 60 salários mínimos, Siwek recorreu em liberdade e teve a sentença abrandada na quarta-feira passada (30).

Com a nova decisão, o ciclista afirma se sentir duplamente injustiçado, pelo atropelamento e pela Justiça. "O rapaz que me atropelou acabou tendo uma pena baixa por tudo o que ele me ocasionou, e agora [a pena] diminuiu mais ainda", diz.

Sousa afirma acreditar que o crime merecia mais de seis anos de detenção, porque o motorista estava alcoolizado. "Por beber e dirigir ele poderia responder por tentativa de homicídio doloso, mas vai sair só como alguém que tivesse roubado um pão na padaria –e isso nem acontece, porque tem gente que rouba um pão na padaria e vai pra cadeia."

O ciclista, que na época do atropelamento chegou a dizer que perdoava o motorista, mas que esperava punição "severa", diz ainda que gostaria que a pena original fosse maior, "só para ele sentir na pele o que é ficar privado de fazer certas coisas que gostava de fazer".

"Ele não vai passar por quase nada do que eu vou passar pelo resto da minha vida", conta o rapaz, que perdeu o braço direito no choque com o veículo.

REDUÇÃO DA PENA

De acordo com a nova sentença, o estudante não terá qualquer espécie de detenção, tendo apenas que prestar serviço comunitário. A decisão proferida em acórdão do TJ-SP reduz o tempo de prisão de Siwek de seis anos em regime semiaberto para dois anos em regime aberto, e esse novo período foi convertido em trabalho comunitário e pagamento de 50 salários mínimos.

A suspensão da carteira de motorista também foi reduzida, de cinco anos para oito meses.

Já a multa passou de 60 para 10 salários mínimos, mas manteve-se em 60 com a somatória da multa que substitui o período de detenção.

Sousa afirmou que vai recorrer da nova sentença. "É um absurdo a impunidade para quem faz coisa errada no país em que a gente vive."

RELEMBRE O CASO

Em março de 2013, Alex Siwek atropelou David Sousa, que pedalava rumo ao trabalho na ciclofaixa que estava sendo montada com cones na avenida Paulista. O impacto decepou e jogou para dentro do carro o braço de Sousa. O motorista fugiu sem prestar socorro e jogou o membro em córrego na avenida Ricardo Jafet. Siwek foi preso em caráter preventivo, mas libertado após 12 dias.

Reprodução/Facebook
O ciclista David Santos Sousa, 21, que teve o braço decepado, no Hospital das Clínicas
O ciclista David Sousa, após o atropelamento, no Hospital das Clínicas

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