Folha de S. Paulo


Assassino do cartunista Glauco, Cadu é morto em prisão de Goiás

Marcos Labanca - 15.mar.2010/Folhapress
Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, o Cadu, assassino confesso do cartunista Glauco e do filho dele, Raoni, em 2010
Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, o Cadu, assassino confesso do cartunista Glauco, em 2010

Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, o Cadu, que confessou ter assassinado o cartunista Glauco Vilas Boas e o filho Raoni, em 2010, foi morto na manhã desta segunda-feira (4) no Núcleo de Custódia de Aparecida de Goiânia.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária de Goiás, Cadu foi morto por outro detento, durante o banho de sol, após receber cerca de 20 golpes de "chucho" —espécie de faca artesanal feita com vergalhão de aço.

Nilson Ferreira de Almeida, que cumpria pena por roubo, alegou legítima defesa e disse que a arma pertencia a Cadu. Ele teve apenas duas lesões na mão. O delegado Anderson Pimentel diz ter sido informado que Cadu e Almeida "já tinham animosidade pretérita" no presídio.

O Núcleo de Custódia é uma unidade de segurança máxima dentro da Penitenciária Odenir Guimarães. Nela os presos ficam em celas individuais, mas se encontram no banho de sol.

Um bilhete, que a polícia diz acreditar ter sido escrito por Cadu, foi encontrado após uma busca no presídio e está sendo analisado.

Após matar Glauco e Raoni, Cadu foi preso, mas, em 2011, foi considerado esquizofrênico e declarado inimputável pela Justiça.

Ele voltou a ser preso pelos crimes de receptação, porte de arma de fogo e dois latrocínios cometidos em Goiânia, que vitimaram o estudante Matheus Pinheiro de Morais e o agente penitenciário Marcos Vinícius Lemes d'Abadia. No ano passado, foi condenado a 61 anos de prisão.

SEGURANÇA REFORÇADA

Em 2014, a defesa de Cadu pediu à diretoria do Núcleo de Custódia vigilância redobrada, já que Cadu havia assassinado um agente penitenciário.

"Por conta da gravidade do fato que envolve um agente penitenciário, pedimos e mandamos um ofício para mantê-lo em cela isolada e para redobrar a segurança. Os próprios presos podem tentar algo ou ele mesmo pode tentar suicídio", informou a defesa na ocasião.

Questionada pela Folha sobre o pedido, a Secretaria de Segurança informou apenas que "o detento era amparado por todas as proteções garantidas pela Constituição Federal." Em nota, a pasta disse ainda que havia registros de insubordinação de Cadu no presídio e que ele também já tentou incendiar colchões em sua cela.

O advogado de Cadu não foi localizado.

GLAUCO

Nascido em Jandaia do Sul, interior do Paraná, Glauco começou a publicar suas tirinhas no "Diário da Manhã", de Ribeirão Preto, no começo dos anos 70.

Nos anos de 1977 e 78, Glauco foi premiado durante o 4º e o 5º Salão Internacional de Humor de Piracicaba, respectivamente.

Em 1977, ele começou a publicar seus trabalhos na Folha de maneira esporádica. A partir de 1985, Glauco passou a publicar suas tiras regularmente no jornal.

Entre seus personagens estão Geraldão, Cacique Jaraguá, Nojinsk, Dona Marta, Zé do Apocalipse, Doy Jorge, Ficadinha, Netão e Edmar Bregman, entre outros.

Em 2006, ele lançou o livro "Política Zero", reunião de 64 charges políticas sobre o Governo Lula publicadas na página 2 da Folha.

Glauco também era líder da igreja Céu de Maria, ligada ao Santo Daime e que usa a bebida feita de cipó para fins religiosos.

Editoria de Arte/Folhapress

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